Parece que não se diz
Abriu os olhos, se virou de lado. As pernas se confundiam. Apreciou, por um instante. Certo, por vários instantes.
Os ponteiros do dia buscavam apressadamente a noite para viver aquele momento.
As costas nuas desenhadas sobre a cama, cúmplice desassossegada.
Os braços nus e os cabelos serpenteados ao relento.
Entreviu, de relance, seu reflexo no espelho – seu sorriso e sua barba por fazer -, naquele espaço dividido entre o sentir e o sonhar.
Ela dormia e assim parecia o tempo querer continuar.
Levantou-se, enfim. Era feliz, mas apenas por um triz. Silêncio, não espalhe, a sorte parece que não se diz.