MORTINHA POR SUBIR ...

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Desço as escadas. São sete degraus.

Como figura que se amarrota na eternidade de um limite, trajo de adeus.

Reinvento o impossivel e esqueço-me que sou a fulana que sai ilesa do desastre dos afetos.

Tudo se transformou em não!

Trajei-te de terno e gravata, com adornos de sorrisos construidos em série.

E partiste, como quem morre a cores e em terceira dimensão.

Disse adeus, com ar de gaja com olheiras, sentada num cantinho.

Puseste o ar de homem sedutor que se reflete num espelho.

A raiva de já ser tarde e ainda irmos a tempo.

Mas eu preferi a solidão como complemento do silêncio.

Fiquei a ve-lo afastar-se.

Uma suspensão temporária de mim...

...momentos antes de ser feliz.

Subo as escadas. São sete degraus.

Estou de volta, sem insónias.

Tenho a sensação de ter sobrevivido, só não sei para quê.

A casa continua quieta.

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Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 23/04/2012
Código do texto: T3629195