TRECHO DO MEU LIVRO - 7
Andaram de mãos dadas pela mata. A Lua iluminava o caminho. Betina apertava o cristal nas mãos. Iam calados – cada um com seus pensamentos...
Alcançaram a trilha dos ecoturistas e em pouco tempo chegaram à pousada.
Yan a levou até a porta do seu quarto.
– Boa noite, Betina. Durma bem.
– Boa noite, Yan – ela sorriu, fechando a porta.
Sozinha no quarto, começou a recordar cada momento daquele dia tão incrivelmente inesperado. Levou a mão aos lábios. Parecia sentir ainda o calor dos beijos de Yan. Mas, era preciso esquecer! – repetiu para si mesma.
Começou a se lembrar, então, daquela sua estranha viagem ao interior de si mesma: tinha um destino a cumprir e precisava guiar sua vida em direção a ele! Agora sabia que era alguém especial, escolhida por Deus! E iria cumprir seu destino dando o melhor de si, espalhando o bem, a fraternidade, o amor! Por onde passasse sua presença não seria inútil! – fez esse juramento a si mesma, deitando-se e dormindo logo em seguida.
Quando acordou pela manhã e desceu para tomar café Yan já havia partido.
Com o coração aos saltos correu à portaria e perguntou por ele – já sabendo a resposta – à dona da pousada. Ela confirmou sua partida, entregando-lhe um envelope que ele havia deixado para ela ao sair, de madrugada.
Saiu para o jardim – o envelope apertado contra o peito, meio perdida, sem coragem de abrir e ler.
Andou um pouco por ali, sem rumo, atônita.
Finalmente sentou num banco e abriu o envelope. Dentro dele, uma carta:
***
“Quando essa carta chegar às suas mãos eu já terei partido. Volto para nossa cidade. Será por pouco tempo, pois sei que serei punido pela minha falha. Deixei-me dominar pelo amor que sinto por você – mesmo sabendo que a um mestre não é permitido envolver-se emocionalmente com uma discípula. Provavelmente irei para muito longe. Mas não me arrependo um minuto sequer. Não te esquecerei. Siga em frente e seja muito feliz.
Seu próximo passo é o Estado de Mato Grosso – mais precisamente a Chapada dos Guimarães, no coração do Brasil.
Dentro do envelope também encontrará todas as instruções para chegar até lá. Como eu lhe disse, fique aí o tempo que quiser e precisar. Não precisa ter pressa de partir.
Como eu também já lhe disse, alguém irá até você. Adeus”.
***
Betina ficou ali parada, segurando a carta de Yan e chorando por muito tempo.
Precisava pensar. Secou as lágrimas, foi até seu quarto, guardou o envelope e saiu sem destino. Era preciso meditar, pensar muito... tentar entender tudo aquilo!
Pensou em ir ao Vale da Lua, o lugar onde viveram aqueles loucos momentos. Logo desistiu: era melhor que fosse a um lugar neutro, que não lhe trouxesse nenhum tipo de recordação. Assim seria mais fácil tomar decisões.
Seguiu por uma trilha e chegou a um campo totalmente deserto. Sentou-se numa pedra e olhou em volta: o dia não estava tão bonito quanto o anterior.
Um grupo de turistas passou, conversando e rindo.
Depois fez-se silêncio completo. E, na cabeça de Betina, um turbilhão de pensamentos desencontrados...
– Calma, Betina! – disse para si mesma em voz alta, como se falasse com outra pessoa.
Respirou fundo e procurou – no silêncio daquele campo carregado de energia – pôr em prática os ensinamentos do próprio Yan. Fechou os olhos e se concentrou de corpo e alma na urgente tentativa de encontrar uma resposta, uma solução para suas dúvidas.
– Será que sou mesmo capaz de seguir sozinha? Será que... que estou amando Yan? Estarei mesmo querendo... voltar para junto dele...? Ajude-me, meu Deus!
Perguntou-se isso muitas vezes, em voz alta, quase gritando: precisava encontrar dentro de si as respostas!
De repente, em sua cabeça, algo começou a fazer sentido. E aos poucos começou a ter uma espécie de iluminação interior. Tudo foi se tornando, aos poucos, mais claro. Teve a plena consciência da realidade e de sua vontade – irresistível, firme como uma rocha – que continuava sendo sua meta principal. Não, nada mudaria em seus planos! Seguiria em frente!
Ao abrir os olhos percebeu que entre a vegetação alguma coisa brilhava à luz do sol. Pegou: era um pequeno pedaço de cristal. Estava no caminho certo!
Começava a entender que os caminhos para chegar aos seus objetivos nem sempre seriam bonitos ou agradáveis. Mas que não bastava apenas querer – era preciso fazer! O que acontecera entre ela e Yan havia sido uma prova, um dos testes pelos quais teria que passar. Seu amor e sua proteção representavam um porto seguro. Se ficasse com ele sua busca estaria, então, terminada.
Mas agora tinha certeza de que não o amava – como não amava Heitor. Se agora ficassem juntos provavelmente seriam infelizes, por que a missão dele era ser um mestre e o objetivo de vida traçado por ela era outro. E certamente em pouco tempo ambos entenderiam isso, e a separação seria inevitável.
Manteria o navio na rota certa. O que houve entre eles seria apenas uma linda recordação...
Iria para Mato Grosso! E para onde mais ainda não sabia. Mas iria até o fim! – decidiu-se.
Andaram de mãos dadas pela mata. A Lua iluminava o caminho. Betina apertava o cristal nas mãos. Iam calados – cada um com seus pensamentos...
Alcançaram a trilha dos ecoturistas e em pouco tempo chegaram à pousada.
Yan a levou até a porta do seu quarto.
– Boa noite, Betina. Durma bem.
– Boa noite, Yan – ela sorriu, fechando a porta.
Sozinha no quarto, começou a recordar cada momento daquele dia tão incrivelmente inesperado. Levou a mão aos lábios. Parecia sentir ainda o calor dos beijos de Yan. Mas, era preciso esquecer! – repetiu para si mesma.
Começou a se lembrar, então, daquela sua estranha viagem ao interior de si mesma: tinha um destino a cumprir e precisava guiar sua vida em direção a ele! Agora sabia que era alguém especial, escolhida por Deus! E iria cumprir seu destino dando o melhor de si, espalhando o bem, a fraternidade, o amor! Por onde passasse sua presença não seria inútil! – fez esse juramento a si mesma, deitando-se e dormindo logo em seguida.
Quando acordou pela manhã e desceu para tomar café Yan já havia partido.
Com o coração aos saltos correu à portaria e perguntou por ele – já sabendo a resposta – à dona da pousada. Ela confirmou sua partida, entregando-lhe um envelope que ele havia deixado para ela ao sair, de madrugada.
Saiu para o jardim – o envelope apertado contra o peito, meio perdida, sem coragem de abrir e ler.
Andou um pouco por ali, sem rumo, atônita.
Finalmente sentou num banco e abriu o envelope. Dentro dele, uma carta:
***
“Quando essa carta chegar às suas mãos eu já terei partido. Volto para nossa cidade. Será por pouco tempo, pois sei que serei punido pela minha falha. Deixei-me dominar pelo amor que sinto por você – mesmo sabendo que a um mestre não é permitido envolver-se emocionalmente com uma discípula. Provavelmente irei para muito longe. Mas não me arrependo um minuto sequer. Não te esquecerei. Siga em frente e seja muito feliz.
Seu próximo passo é o Estado de Mato Grosso – mais precisamente a Chapada dos Guimarães, no coração do Brasil.
Dentro do envelope também encontrará todas as instruções para chegar até lá. Como eu lhe disse, fique aí o tempo que quiser e precisar. Não precisa ter pressa de partir.
Como eu também já lhe disse, alguém irá até você. Adeus”.
***
Betina ficou ali parada, segurando a carta de Yan e chorando por muito tempo.
Precisava pensar. Secou as lágrimas, foi até seu quarto, guardou o envelope e saiu sem destino. Era preciso meditar, pensar muito... tentar entender tudo aquilo!
Pensou em ir ao Vale da Lua, o lugar onde viveram aqueles loucos momentos. Logo desistiu: era melhor que fosse a um lugar neutro, que não lhe trouxesse nenhum tipo de recordação. Assim seria mais fácil tomar decisões.
Seguiu por uma trilha e chegou a um campo totalmente deserto. Sentou-se numa pedra e olhou em volta: o dia não estava tão bonito quanto o anterior.
Um grupo de turistas passou, conversando e rindo.
Depois fez-se silêncio completo. E, na cabeça de Betina, um turbilhão de pensamentos desencontrados...
– Calma, Betina! – disse para si mesma em voz alta, como se falasse com outra pessoa.
Respirou fundo e procurou – no silêncio daquele campo carregado de energia – pôr em prática os ensinamentos do próprio Yan. Fechou os olhos e se concentrou de corpo e alma na urgente tentativa de encontrar uma resposta, uma solução para suas dúvidas.
– Será que sou mesmo capaz de seguir sozinha? Será que... que estou amando Yan? Estarei mesmo querendo... voltar para junto dele...? Ajude-me, meu Deus!
Perguntou-se isso muitas vezes, em voz alta, quase gritando: precisava encontrar dentro de si as respostas!
De repente, em sua cabeça, algo começou a fazer sentido. E aos poucos começou a ter uma espécie de iluminação interior. Tudo foi se tornando, aos poucos, mais claro. Teve a plena consciência da realidade e de sua vontade – irresistível, firme como uma rocha – que continuava sendo sua meta principal. Não, nada mudaria em seus planos! Seguiria em frente!
Ao abrir os olhos percebeu que entre a vegetação alguma coisa brilhava à luz do sol. Pegou: era um pequeno pedaço de cristal. Estava no caminho certo!
Começava a entender que os caminhos para chegar aos seus objetivos nem sempre seriam bonitos ou agradáveis. Mas que não bastava apenas querer – era preciso fazer! O que acontecera entre ela e Yan havia sido uma prova, um dos testes pelos quais teria que passar. Seu amor e sua proteção representavam um porto seguro. Se ficasse com ele sua busca estaria, então, terminada.
Mas agora tinha certeza de que não o amava – como não amava Heitor. Se agora ficassem juntos provavelmente seriam infelizes, por que a missão dele era ser um mestre e o objetivo de vida traçado por ela era outro. E certamente em pouco tempo ambos entenderiam isso, e a separação seria inevitável.
Manteria o navio na rota certa. O que houve entre eles seria apenas uma linda recordação...
Iria para Mato Grosso! E para onde mais ainda não sabia. Mas iria até o fim! – decidiu-se.