MORTINHA POR ME SOLTAR ...

Numa amnésia infinita de reencontro e despedida é num abraço que procuro a linha ténue que separa a sanidade da loucura.

Há abraços que perfumam...

Há abraços que não se repetem...

que ficam para trás, numa estação de comboio qualquer

e apetece ir buscá-los.

Há abraços que são uma saudade imensa...

que se escrevem com a palavra distancia.

Há abraços que escorrem como se fossem lágrimas...

Há abraços em que me abraço e apresiono para não esquecer...

Foi num abraço que me perdi...

num abraço de até já que eu traduzi até sempre...

Mas não chorei na despedida, chorei depois, sem meter as mãos nos bolsos.

E afastei-me com a delicadeza de uma bailarina que não sabe dançar.

Continuo presa num tempo e num dia que tinha sido diferente dos outros.

Nesse dia todos os que morreram foram para o céu e o mundo ficou da cor que eu gosto.

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Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 05/04/2012
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