Azaléia vermelha, em vaso, no meu jardim.

 
 
O pássaro e a flor, a flor e o pássaro...

Era uma flor vermelha, de pétalas grandes, delicadamente perfumadas. Parecia querer saltar do vaso que a aprisionava e sair pelo portão de madeira do jardim. Observei que, pouco a pouco, começou a sorrir para o pássaro que chegou, não sei bem de onde, e junto dela pousou.
Era um pássaro pequenino, negro e, assim à primeira vista, quase sem graça. Parecia deslumbrado com aquela intensa cor vermelha.  Pássaros também sentem, talvez tenham alma... Alimentam-se, procriam, e voam para onde se sentem bem.
Pareciam namorar, pássaro e flor, flor e pássaro. Ele sussurrava, baixinho, uma encantadora melodia, enquando a beijava, terna e demoradamente, em carinhosas bicadinhas. 
A flor tinha as pétalas recortadas, cada margem picotada parecia que tinha sido bordada por exímia artesã. Cada galhinho era um recatado recanto, espaço de sentimentos por onde o pássaro podia entrar,  e encontrar um refúgio, quiçá um sonho que o fizesse demorar... E quem sabe ficar...
Era uma bela flor. De um vermelho intenso, a cor do amor apaixonado.
Era uma linda manhã, daquelas em que o sol parece querer entrar dentro dos olhos e da alma.
Era uma linda história de amor, que não podia ser escrita no recorte das pétalas da flor, mas no vermelho da própria flor...


Ana Flor do Lácio
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 05/04/2012
Reeditado em 05/04/2012
Código do texto: T3596040
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