ELZA E ADELAIDE

E L Z A E A D E L A I D E

Adelaide chovia-se em lágrimas vertendo-as sobre o corpo nu de Elza, sua íntima amiga que sumia-se do mesmo abandonando-o horizontalmente no leito do hospital.

A amizade, que sempre fora mais que amizade, agora jazia nas tristezas do adeus da vida à carne, morte ali mostrada no mais cândido pudor... Sincero amor.

Há pouco aquele corpo, ainda quente, se entregava a ardentes orgias deixando-se ao relento do sexo mais puro, sincero, completo. Sem leviandade oravam-se mutuamente em intensos, ilimitados prazeres nos diabólicos caprichos dos corpos nus a encontrarem-se; corpo com corpo, mãos com mãos, lábios com lábios... Às volúpias luxuriantes de seguidos orgasmos, mãos profanando as cavernas úmidas desses corpos... Esgotavam-se em sussurros, gemidos, gritos de ais abafados por beijos sensuais recheados com prazeres infindos...

Agora, Adelaide chovia-se em lágrimas vertendo-as sobre aquele corpo que já deixava saudades sem mágoas, incontrolavelmente esvaia-se em infindáveis orgasmos profanando o leito branco de morte, depositário do corpo de Elza, sensual, desejado... Sem brilho... Sem vida.

PEDRO LECUONA

PEDRO LECUONA
Enviado por PEDRO LECUONA em 03/04/2012
Código do texto: T3592786
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