MORTINHA POR ESQUECER ...

No absoluto de um diálogo cultivamos frases como telas impressionistas que não sabemos decifrar.

Hoje quero-me demasiado branda, num ritmo obstinado de quem não aprendeu a esquecer. Hoje é um dia para esquecer; para passar imediatamente ao dia seguinte, sem ter de acordar.

Não me queria expor em palavras, nem entrelinhas passageiras de um momento. Não sei aguardar uma nova opção e sorrio para disfarçar o desconforto.

Ficar parada a assistir a um gesto de renovação é como fumar um cigarro apagado.

Gosto de ti como quem gosta de um passado perfeito, imperfeito... sei lá! Mas já tinha dito.

Caracterizada de personagem eu não sei se morri ou simplesmente pensei que nasci.

Vontades ocas onde farrapos de sombras continuam a bailar num lugar desajeitado.

Descobri incoerências cronológicas. Aprendi a avaliar o que é ou não suficiente.

Revejo-me no lamento de um lobo que não aprendeu a uivar...

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Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 31/03/2012
Código do texto: T3586019