Da ausência

_Já pode voltar a respirar, garoto.

Disse a singela senhora que observava de longe a cena.

_Já pode voltar a respirar.

Foi então que ele percebeu quanto tempo havia passado e as poucas mudanças que o tempo fez.

_Onde estou?

Perguntou assustado, enquanto recobrava os sentidos.

_Você está onde deve estar, garoto, não há com o se preocupar.

_Onde ele está?

Pronunciou as palavras como quem confidencia um segredo, depois de olhar esperançosamente a sua volta.

_Ele também está onde deve estar, meu rapaz.

_Ele não está aqui?

_Não, não dessa vez.

E pela expressão confortante e firme da mulher, o menino percebeu que não cabia palavra ou atitude contrária aquela ausência.

_Você sabe o que fazer, garoto.

Era verdade. O menino sabia exatamente o que fazer, e como quem descobre o fim da história, suspirou profundamente. Esperou. Essssperou. Essssssssperou. E partiu.

_Obrigado.

Ainda disse. E a velha senhora com uma pequena reverencia pareceu lhe dar um último conselho. E não sorriu.

_Obrigado.

Repetiu. E desapareceu em meio a fumaça.

Lucan Fernandes
Enviado por Lucan Fernandes em 28/03/2012
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