Da ausência
_Já pode voltar a respirar, garoto.
Disse a singela senhora que observava de longe a cena.
_Já pode voltar a respirar.
Foi então que ele percebeu quanto tempo havia passado e as poucas mudanças que o tempo fez.
_Onde estou?
Perguntou assustado, enquanto recobrava os sentidos.
_Você está onde deve estar, garoto, não há com o se preocupar.
_Onde ele está?
Pronunciou as palavras como quem confidencia um segredo, depois de olhar esperançosamente a sua volta.
_Ele também está onde deve estar, meu rapaz.
_Ele não está aqui?
_Não, não dessa vez.
E pela expressão confortante e firme da mulher, o menino percebeu que não cabia palavra ou atitude contrária aquela ausência.
_Você sabe o que fazer, garoto.
Era verdade. O menino sabia exatamente o que fazer, e como quem descobre o fim da história, suspirou profundamente. Esperou. Essssperou. Essssssssperou. E partiu.
_Obrigado.
Ainda disse. E a velha senhora com uma pequena reverencia pareceu lhe dar um último conselho. E não sorriu.
_Obrigado.
Repetiu. E desapareceu em meio a fumaça.