Passarinho do tempo
Noite passada um passarinho veio me visitar, e resolveu abrir seu coração.
Noite passa houve um tumulto na sala, no estar. O passarinho pousou, mas ainda era noite escura. Uma escuridão ao entardecer da lágrima escorrendo entre os dedos do coração, como se fosse possível contar as madrugadas sem um outro canto.
Mas noite passada meu destino resolveu me mostrar o abstrato que é seu poder de realizar encontros. O destino é maravilhoso, ele cruza corações. Misturas todas misturadas misturam-se tornando tudo colorido, um pedacinho de mim, um pedacinho dele, um pedaço do nosso e do outro, se desfazendo e refazendo.
Bom, e o passarinho? Pousou.
Ah, o passarinho! Me mostrou seu coração tão singelamente, me regou com palavras molhadas de carinho.
Sabe senhor voador, teu olhar me abandona em rios
teu sorriso é encantador e me dá frio
Frio de te olhar distante, aquecido com um giro
Giro do tempo, de um exemplo nosso
de que um olhar é certo,
quando te mostro
quando me move daqui e me acorrenta em mar,
de seus carinhos a primeira vista virei refém
de um coração carente, me responsabilizei.
Ah destino incerto! Eu nada posso fazer
se você entrega em minhas mãos
um coração tão transparente.
E por que, tempo, você nos deixa a mercê
da dúvida cruel de sentimentos instantâneos
que meu próprio coração desconhece?
Ao instantâneo tempo que me conduz na rota dos pássaros,
ao passarinho que cantou na minha janela...