Passarinho do tempo

Noite passada um passarinho veio me visitar, e resolveu abrir seu coração.

Noite passa houve um tumulto na sala, no estar. O passarinho pousou, mas ainda era noite escura. Uma escuridão ao entardecer da lágrima escorrendo entre os dedos do coração, como se fosse possível contar as madrugadas sem um outro canto.

Mas noite passada meu destino resolveu me mostrar o abstrato que é seu poder de realizar encontros. O destino é maravilhoso, ele cruza corações. Misturas todas misturadas misturam-se tornando tudo colorido, um pedacinho de mim, um pedacinho dele, um pedaço do nosso e do outro, se desfazendo e refazendo.

Bom, e o passarinho? Pousou.

Ah, o passarinho! Me mostrou seu coração tão singelamente, me regou com palavras molhadas de carinho.

Sabe senhor voador, teu olhar me abandona em rios

teu sorriso é encantador e me dá frio

Frio de te olhar distante, aquecido com um giro

Giro do tempo, de um exemplo nosso

de que um olhar é certo,

quando te mostro

quando me move daqui e me acorrenta em mar,

de seus carinhos a primeira vista virei refém

de um coração carente, me responsabilizei.

Ah destino incerto! Eu nada posso fazer

se você entrega em minhas mãos

um coração tão transparente.

E por que, tempo, você nos deixa a mercê

da dúvida cruel de sentimentos instantâneos

que meu próprio coração desconhece?

Ao instantâneo tempo que me conduz na rota dos pássaros,

ao passarinho que cantou na minha janela...

Rangel Goulart
Enviado por Rangel Goulart em 20/03/2012
Código do texto: T3564427
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