Maldição de uma paranóica
MALDIÇÃO DE UMA PARANÓICA
Certa vez Amanda Harris dormia tranquilamente ao lado de seu marido Rupert Grant. De repente ela acorda assustada as duas horas da manhã por causa de um pesadelo, onde ela caminhava sozinha sobre uma estrada de terra que não tinha fim.
Então, ela arreda cuidadosamente o cobertor para não acordar Rupert. Amanda saiu da cama e caminhou em direção ao quarto de seus dois filhos Melissa e Arthur. Ao abrir a porta sua primeira impressão foi de que eles estavam dormindo e sonhando com anjos do céu, mas quando ela se aproximou deles, viu que estavam mortos, um tiro em cada cabeça. Amanda começou a gritar desesperadamente, mas seu marido não apareceu.
Quando ela voltou para seu quarto, Rupert estava morto em uma poça de sangue com dois tiros no peito sobre a cama. Amanda caiu de joelhos no chão e começou a chorar, na porta do quarto ficou escrita a seguinte mensagem: “Matadores de aluguel. Usamos abafadores em nossas armas.”
Depois do ocorrido, duas coisas aconteceram com Amanda. A primeira, foi que ela passou a viver sozinha em um apartamento trancada sem sair dele nem para comprar comida. A segunda, foi que passou a ter paranóias, como por exemplo, pensar que sua morte seria exatamente às duas horas da manhã. Todos os dias quando os ponteiros do relógio marcavam essa hora, ela os atrasava para que nunca chegasse a hora de sua morte.
10 anos depois num dia qualquer, a campainha do apartamento da Amanda tocou incansavelmente durante alguns minutos, então, ela agoniada perguntou com a porta ainda fechada:
-Quem é?
-Sou a filha de seu vizinho. Meu nome é Elise Handrick.
- O que você quer?
-Gostaria de saber se você poderia me dar uma xícara de sal,porque meu pai está fazendo a comida, e é só o que falta.
-Tudo bem. Entre! –Disse Amanda desengatando a corrente que trancava a porta.
Quando Amanda abriu a porta se deparou com uma garotinha de cabelo negro e cacheado, de olhos azuis e pele branca.
-Com licença. –Disse Elise docemente. –Desculpe senhora mais nem perguntei seu nome.
-Amanda Harris. E você Elise? Quantos anos você tem? –Perguntou Amanda colocando o sal na xícara.
-Tenho nove anos. Mas mudando de assunto, eu mudei com meu pai pra cá faz quatro anos e eu nunca vi a senhora, até fiquei com medo de não morar ninguém aqui, mas resolvi arriscar.
-É que... Há algum tempo atrás resolvi esquecer do mundo para colocar as coisas em ordem.
-Mas por que você resolveu tomar essa decisão?
-Bom, acho que uma menina de nove anos de idade não entenderia.
-Não sei o que vocês adultos tem contra crianças ouvirem suas conversas. Meu pai é a mesma coisa, sempre quando ele está conversando com outras pessoas não me deixa escutar.
-Não é que tenhamos algo contra crianças escutarem nossas conversas, é que normalmente as mentes de crianças como você são tão ingênuas que às vezes temos medo que essa ingenuidade desapareça antes da hora.
-Tudo bem. Não quero discutir com você. Bom, já que me ajudou com o sal, quero que vá jantar comigo e com o meu pai.
-Quando? –Perguntou Amanda assustada.
-Agora. –Respondeu Elise.
-Mas você tem que entender que como faz muito tempo que eu não saio de casa, fica muito complicado pra mim ir jantar na casa de estranhos.
-Eu não aceito desculpas.
-Mas...
-Não tem mais nem menos, temos que ir jantar na minha casa. Vai se arrumar.
Amanda foi se vestir, quando saiu do seu quarto ela estava linda. Seu cabelo ruivo estava solto e sua pele pálida estava coberta por um vestido verde claro, da cor de seus olhos. Elise ficou de boca aberta, por ver como Amanda estava bonita.
As duas saíram do apartamento de Amanda e foram em direção ao apartamento onde Elise morava com seu pai
-PAPAI! CONSEGUI O SAL! –Gritou a garotinha ao entrar no apartamento.
-Que demora fi... lha. –Disse o pai de Elise ficando gago ao ver Amanda. –Quem é vo...vo...cê?
-Ela é Amanda Harris pai, nossa vizinha. E eu a trouxe para jantar conosco. Tem algum problema?
-Não. Claro que não filha. Sente-se Amanda e fique a vontade.
-Eu não vou atrapalhar? –Perguntou a moça.
-Eu já disse que não. Pode se sentar. –Disse o pai de Elise gentilmente.
-Tudo bem. Obrigada!
Amanda jantou com eles. Durante o jantar ela conseguiu sentir-se viva novamente após 10 anos.
-Poxa, desculpe, eu estava tão distraído com a sua beleza que nem me apresentei. Sou Andrew Handick. –Falou o pai de Elise estendendo a mão para cumprimentar Amanda.
-Prazer Andrew! –Amanda estendeu a mão para aceitar o cumprimento dele. –A comida estava ótima, mas eu tenho que ir embora por que estou morrendo de sono.
-Eu deixo você ir com uma condição. –Disse Andrew.
-Qual?
- Passear comigo amanhã
-O quê? Passear? Mas eu não saio de casa faz tempo.
-Não tem importância. Não aceito ‘não’ como resposta.
-Ai meu Deus! Tudo bem. –Aceitou Amanda com tom de medo.
-Que bom! Então amanhã eu passo no seu apartamento.
-Tá. Boa noite.
-Boa noite!
No dia seguinte, como o prometido, Andrew foi buscá-la em seu apartamento.
-Olá! Vamos? – Perguntou ele sorridente.
-Vamos. –Respondeu ela bastante nervosa. –Mas espera, cadê Elise?
-Ah, ela está em casa com uma moça que sempre cuida dela quando eu tenho que sair.
-Ah, então tudo bem.
-Vamos!
Eles foram passear em um bosque repleto de flores que ficava na saída da cidade. Amanda ficou impressionada com a beleza daquele lugar.
-Depois da morte de minha esposa, eu nunca tinha me sentido tão bem. –Falou Andrew.
-Sua esposa morreu? –Perguntou Amanda assustada.
-Sim, ela morreu logo depois do nascimento de Elise. –falou o rapaz triste por lembrar-se da tragédia.
-Eu sinto muito mesmo.
-Não se preocupe. Eu e Elise já superamos isso.
-Que bom.
Quando a noite caiu, eles voltaram para casa, antes de Amanda ir para seu apartamento ela ficou alguns minutos no apartamento de Andrew. Elise já estava dormindo ao lado de seu ursinho de pelúcia e sua babá. Ao se despedir dele, Amanda o olhou dentro de seus olhos castanhos, passou a mão em seus cabelos negros e em sua barba mal feita e o beijou impulsivamente. Como Andrew também sentia algo forte por ela, ele retribuiu a levando para seu quarto e tento uma noite de muito amor.
No dia seguinte, ela se levantou da cama mais ainda eram duas da manhã e 20 de abril, então, ela se lembrou que era aniversário de morte de seu marido e filhos. Amanda ficou pensativa por alguns minutos, mas depois voltou para cama e pressentiu algo de ruim.
-ANDREW? ANDREW? –Gritou Amanda mais não adiantou
Ela começou a sacudi-lo, mas mesmo assim ele não respondeu. Amanda correu até o quarto de Elise. A babá já havia ido embora. Ela tentou acordar a garota mais de nada adiantou.
Então ela decidiu ligar para a polícia e para os médicos. Quando ambos chegaram ao apartamento avisaram a ela que os dois haviam tido uma estranha parada cardíaca e morreram.
Amanda passou vários meses em julgamento, mas foi absolvida. Quando ela voltou para seu apartamento, um envelope estava grudado na porta sem remetente, apenas o destinatário onde estava escrito o nome dela. Amanda abriu o envelope, e dentro havia uma mensagem:
“Minha querida Amanda,
Da primeira vez eu tive que gastar muito dinheiro contratando matadores de aluguel, mas agora você está amaldiçoada, você nunca mais poderá se apaixonar ou então a pessoa amada morrerá, a não ser que você queira namorar um defunto. Minha amada, a vingança é doce. E o sabor? É melhor ainda.
De seu eterno admirador,
Peter Lowis
Peter Lowis era um ex-namorado de Amanda que nunca se conformou com o término do namoro. Depois que ela recebeu a carta voltou a se trancar no apartamento. Mas após algumas semanas de solidão, ela teve uma idéia extraordinária: decidiu escrever um livro chamado “Maldição de uma paranóica”.
Certa vez ela teve a coragem de sair de casa para procurar uma editora e lançar o livro. Não demorou muito para uma editora aceitar lançá-lo. “Maldição de uma paranóica” foi um grande sucesso.
Com o tempo Amanda Harris percebeu que estava apaixonada por algo enfeitiçador que ao mesmo tempo a maldição não poderia matar; a escrita.