MORTINHA POR DIZER O QUE ME MAGOA ...

Não me considero uma pessoa lamechas, no sentido em que poucas são as coisas que me fazem chorar. Tenho até o hábito de adiar o choro. Quando o meu pai faleceu chorei muito... muito, passados uns dias. Quando um amor acaba é mais ou menos o mesmo. Não sofro de saudades, nem de distancias. Mas há coisas que me doem imenso e não consigo evitar chorar na hora. Uma foi quando vi o E.T., outra quando vi um pardalinho ferido, moribundo, em agonia caido no chão. Mas o que me dói mesmo é sempre que vou visitar a minha mãe e na hora da partida, ainda de manhã muito cedo, ela me vai levar ao autocarro e enquanto este se afasta eu fico a ve-la sozinha naquela imensidão cinzenta, em forma de anjo branco, vestida de negro, com uma expressão ausente a dizer um longo adeus, até perder o autocarro de vista.

Aí não me aguento e choro até chegar a casa e em casa...

Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 07/03/2012
Reeditado em 28/04/2012
Código do texto: T3541135