JOEL
JOEL
Trabalhava de segunda a sexta na metalurgica onde seu pai se aposentara, dois meses antes de morrer e deixar sob sua responsabilidade a mãe e os tres irmãos ainda menores, dependentes.
Em algumas noites, sábados e as vezes até no domingo, saia às ruas, apresentar pequenos truques de magia que lhe rendia um extra tão necessário para assegurar o básico a família.
Nunca tivera um namoro sério, não se divertia com os amigos, como a maioria dos rapazes da sua idade. Lia sempre que possível e sonhava sempre, especialmente acordado, sonhava com o dia em que seria promovido, em que teria condições de manter a mãe e os irmãos sem tantos sacrifícios e que encontraria uma linda mulher, sua parceira para toda a vida, sonhava ...
Nessa sexta feira nada parecia diferente até vê-la aproximar-se curiosa, no meio da pequena platéia que se formara para apreciá-lo fazer seus números de magia. Foi chegando como quem anda sobre nuvens de algodão, um sorriso bailando nos lábios e um brilho nos olhos que quase o deixou paralisado. Perdeu-se no numero ao esquecer seu olhar preso ao dela. A noite estava quente, agradável e o tempo correu ligeiro. Quando todos iam se retirando, ela continuou lá. De repente estavam os dois, sozinhos. Conversaram muito e Joel soube: era ela! Era ela a mulher com que sonhara a vida toda. Mais tarde, o dia quase raiando, com o telefone dela gravado no seu celular, caminhou feliz para casa. Sonhava ... depois de dormir algumas horas e antes de apresentar-se ligaria ...depois poderiam sair e depois ...não houve tempo para concluir seus felizes pensamentos. Um irresponsável qualquer, passava "voando" pela avenida e perdeu-se jogando-o contra o muro. Do celular nenhuma memória.