A Princesa Índia

‎"O chefe de uma tribo adorava a sua única filha e escolheu com um marido para ela: um jovem chefe guerreiro de outra tribo que a amava. As duas tribos se juntaram para as comemorações do casamento. Mas, antes do começo da festa, uma doença terrível começou a matar muitos homens.

Os anciões e os chefes se reuniram para discutir o que poderiam fazer contra a doença devastadora que dizimava rapidamente seus guerreiros. O curandeiro mais velho contou que seu pai, perto de morrer, já bem idoso, havia previsto uma doença terrível que mataria seus homens, uma doença que só poderia ser vencida se a filha de um chefe, pura e inocente, oferecesse de boa vontade a vida pelo seu povo. Para realizar a profecia, ela deveria subir voluntariamente num penhasco acima do Grande Rio e pular para a morte nas rochas abaixo.

Uma dúzia de jovens, todas filhas dos vários chefes, foram trazidas diante de um Conselho. Depois de demorados debates, os anciões decidiram que não poderiam pedir um sacrifício tão precioso, sobretudo porque não sabiam se a lenda era verdadeira.

mas a doença continuou se espalhando implacável entre os homens, e finalmente o jovem chefe guerreiro, o futuro esposo, caiu doente. A princesa, que o amava muito, soube no fundo do coração que algo precisava ser feito e, depois de lhe dar um leve beijo na testa, afastou-se.

Demorou toda a noite e todo o dia seguinte para chegar ao local indicado na lenda, um penhasco altíssimo acima do Grande Rio e das terras mais além. Depois de orar e se entregar ao Grande Espírito, ela cumpriu a profecia sem hesitar, pulando para a morte nas rochas a baixo.

Nas aldeias, na manhã seguinte, os doentes se levantaram saudáveis e fortes. Houve grande júbilo e comemoração, até que o jovem guerreiro descobriu que sua adorada noiva havia sumido. À medida que a percepção do que acontecera se espalhava rapidamente entre o povo, muitos empreenderam a jornada até o lugar onde sabiam que iriam encontra-la. Enquanto se reuniam em silêncio ao redor do corpo destroçado na base do penhasco, seu pai, tomado pelo sofrimento, gritou para o Grande Espírito, pedindo que o sacrifício dela fosse lembrado para sempre. Nessa momento, do lugar de onde havia pulado começou a jorrar água, transformando-se numa névoa fina que caída aos pés deles, lentamente formando um lago maravilhoso."

Extraído do livro, A Cabana. Página 30 a 31