"UM CONTO DE FADAS MODERNO” Parte 1 e 2

“UM CONTO DE FADAS MODERNO” Parte 1 e 2.

La estava ela, toda deslumbrante linda maravilhosa. A espera de seu homem. Quem seria ele? Não sei. Mas ali estava ela, nervosa, parecia uma adolescente. Ansiosa, agitada, coração pulsando forte.

“Qual será minha reação pensava ela...”

Mesmo assim não deixava se levar apenas pela razão:

“Nossa eu tão madura, já vivi várias situações, vários amores e agora me encontro assim?”

“Como pode?”

“Mas ficarei firme, ele é tudo que eu sempre sonhei. Espero que seja verdade...”

“Que não seja apenas um sonho...”

Fazia dois minutos que ela estava ali, e nossa já havia passado tantas coisas em sua mente. A espera é uma eternidade. As pessoas passavam, a vida passava, o mundo girava. Umas estavam a caminho de seu trabalho apressadas, outras da escola, os ambulantes a rua.

Nossa! Quanto tempo ela não passava por aquele local.

“A estação do metrô, quando combinei com ele achei que seria o melhor. Vamos combinar em qualquer estação de metrô e ele aceitou, apenas me disse qual deveria ir”

A vida passa corrida na cidade.

“Nossa estou aqui do outro lado do mundo.”

“Há o amor nos faz fazer cada coisa.!!!!”

Mais um minuto se passara e ela resolveu ligar. Caixa Postal.

“Nossa será que ele não vem?”

“Vou ligar de novo...” tu tu tu tu

“Ocupado?”

”Como assim, celular não dá ocupado, há algo de errado. Meu Deus será que ele não vem?”

Pronto desabara o mundo.

“Alo, oi amor, já estou aqui... Há, tudo bem eu espero bjs...ufa”

E como em um passe de mágica La estava ele, pedindo que ela entrasse no carro. Começaram a andar pela cidade, conversando, se curtindo, maravilhados.

“Nossa como ele é gentil”

“Nossa como ela é deslumbrante”

Após uma boa conversa decidiram: “Qual será o motel mais próximo?”

Chegamos Minha Lady

Não precisava dizer mais nada, seus olhares diziam tudo... Um beijo selou aquele momento, maravilhoso entre eles. Ele a comia com os olhos e ela o devorava por completo. Aos poucos as peças de roupa foram jogadas ao chão... Ali fizeram amor como se fosse a ultima coisa que fariam no mundo.

Das roupas que foram ao chão naquela tarde, muita água rolou até que se passassem cinco anos.

Nossa, eles eram muito diferentes, mas tão iguais! Como pode? Mas mesmo assim nada, nada houve que pudesse separá-los. Casamentos desfeitos, filhos estarrecidos, amigos que não pactuaram. Não havia o mundo, só havia a paixão.

Cinco anos. Parceria, dinheiro, falta dele, ciúme, preconceito, amor, muito amor.

Numa noite qualquer Raquel está de costas para Julio que já deitado a observa.

"Amor, olhando pra você, de repente tive a impressão de ter visto minha mãe."

Raquel não se voltou para Julio não ver a grossa lágrima a passear numa ruga de seus olhos até cair pelo queixo.

"Envelheci tanto assim em cinco anos amor?"

"Claro que não minha Deusa, você sabe que é tudo pra mim, nem sei porquê falei isto."

Raquel ajoelhou-se na larga cama que guardava tantos amores e ocolheu-o nos braços. Era um amor filial? Ali Julio dormiu e ela suavemente o recostou no travesseiro e pôs-se a olhar aquele corpo moreno ainda tão viril, tão forte. Ela já não tinha certeza da rijeza de suas carnes, do peso dos sulcos disfarçados que pesavam em seu rosto. Estava cansada. O preço daquele amor fora alto, mas começaria tudo de novo e sorria porque seu amor dormia angelical a seu lado, sempre a seu lado.

Com o cantar dos pássaros Julio chega com a bandeja como sempre.

"Amor olha o teu café querida."

Noutros tempos ambos beliscavam e se lambuzavam com alguma fruta, de preferência das vermelhas e havia ali a linguagem da paixão que estourava como um dique diante de chuvas torrenciais. Hoje não. Há algum tempo já não mais. Raquel não se virou e pediu.

"Deixe o café e vá amor."

Em silêncio ele colocou a bandeja sobre uma mesinha e beijou-a na testa. Como sempre ele fazia tudo para agradar a ela.

Saiu, mas antes borrifou aquele perfume do primeiro encontro. A essência amadeirada tomou todo o aposento. Por que e para quem ele se perfumara tanto?

O ciúme roia as entranhas de Raquel. Num só rompante ela pôs-se de pé. Abriu o armário, tirou de lá uma colcha comprada por eles na última viagem que fizeram à Índia. Ela vestiu a cama com esmero, com apuro total. Aquele leito de tantas entregas jazia sob a valiosa vestimenta da partida.

Ela não gostava de escrever à mão, mas sobre o travesseiro deixou uma carta. Além de Julio, nunca, ninguém leu.

Passaram-se dez anos da partida de Raquel. Julio recuperara a liberdade e nada fez dela e envelheceu ali. Naquele quarto, junto daquela colcha e dormia num aposento contíguo. Uma saleta que em muitas noites servira de pista de dança para as travessuras dos amantes apaixonados.

Naquela noite Julio resolveu que dormiria na cama que fora deles e o fez como antigamente. Raquel na calada da noite abriu a porta. Julio olhou-a entre surpreso e incrédulo. Sim, era ela! Mas tão jovem, tão linda! A pele de seda, o vestido florido e Raquel a bailar, como uma dama, uma noiva, uma amante. Julio levantou-se e tomou-a nos braços. Era ela mesma. O leve perfume, o inesquecível corpo branco e lânguido. Fizeram amor, como paixão, com entrega, com palavras, com gemidos, com dores, com sangue. Não. O tempo não passara. Não passará jamais para Julio e Raquel.