Cartão postal
As novas horas do dia se espreguiçam entre os tímidos raios de sol.
Sob o meu olhar perdido na janela, a cidade lá fora ainda dorme encoberta pela tão charmosa neblina
Este cenário traz ao meu peito tantas lembranças, também a tristeza e uma doce nostalgia.
Agora, os meus passos ganham as calçadas.
Pelas ruas são tantas as flores a me sorrir, mas em nenhuma delas encontro o seu cheiro peculiar.
Distantes, estão os seus olhos dos meus, os meus abraços dos seus.
Hoje terei apenas o abrigo de sua voz, que ameniza o açoite desta saudade e me acalma.
Neste instante, meu olhar se perde na beleza da paisagem, pela relva orvalhada do parque.
Sentada em um banco registro cada detalhe, como se o meu olhar fosse o seu, enquanto lhe escrevo mais um cartão postal e ouço também, aquela canção, que o seu coração ofertou ao meu.
Peckham Rye Park – Londres, 13 de fevereiro
Mote:
Pura paisagem
(Lô Borges e Márcio Borges)
Linda, como se fosse a terra, vista do espaço aberto,
acho você tão linda que nem sei falar...
Frágil, como se fosse neve, claro canal sereno
ou um luar de prata, na velha Amsterdã...
ou pura paisagem do porto quando a tarde cai
te dou essa rosa , tão rosa como você vai
gota de orvalho na grama lá de Peckham Rye...
Minha, pode ser minha dona, rambla de Barcelona
é um sol radiante, las puertas de Madrid...
ou linda é Roma e vejo que você é mais
ainda mais linda que a chuva dos canaviais
tem a beleza das pedras e dos animais
Leve, folha que o vento leva jogo a minha vida,
na linda promessa de ter seu amor .