Uma chance para o amor.

Enquanto a caminhonete seguia na estrada, o sol sumindo no horizonte, Alan sentia o vento no rosto, no radio um som suave fazendo refletir, ele não sabia o que fazer, não chegara a nenhuma conclusão, esperava não ser tarde e nem precipitado o que pensava fazer.

As horas pareciam não querer passar, parou próxima a porteira, os cães correndo e latindo vieram ao seu encontro, parou um momento olhando o caminho, os manacás em flores as palmeiras que terminavam em circulo de flores, os bancos de troncos das arvores do local e de longe ainda se avistava o telhado da casa e parte de uma varanda, da chaminé uma fumaça indicava que o fogão estava aceso e com certeza o café estaria pronto, avistou o manga larga no pasto e atrás os potros pastavam tranqüilos, o touro e as vacas já estariam ate dormindo ouviu ao longe o trem apitando, logo estaria nos trilhos que ficava atrás do pasto.

Alan resolveu entrar, já estava escurecendo, deixou a caminhonete ao lado de um Volkswagen vermelho entrou devagar deixando o chapéu no móvel da varanda, ao entrar sentiu o cheiro bom de café, acertara, e na mesa um bolo pela metade, sentadas a mesa sua mãe e Suzana lhe olhavam, do quarto Jônatas veio correndo, ao lavar as mãos deixou que o frescor da água lhe acalmasse, olhou para os três e se sentou servindo o liquido quente e saboreando como se fosse a primeira vez que provasse aquela deliciosa bebida.

_ Pai o que decidiu? Vai dar essa chance ou não?

_ Filho, eu preciso dar essa resposta hoje, e eu tenho tanto medo de não dar certo. Eu sei o quanto é importante para você, e para Suzana também, e eu quero muito viver essa estória, mas confesso que não é uma decisão fácil, você sabe muito bem.

A mãe lhe olhava sorrindo, sabia o que se passava no coração do filho, afinal as mães conhecem os filhos e mesmo que ele falasse que era não, ela sabia que apesar do medo, ele merecia uma chance.

_Filho, não quero me intrometer, mas acho que devo, afinal a opinião de uma mãe com experiência de vida pode dizer algo, Suzana esta certa em querer se casar e ter um lar, dividir tudo com você, morar junto meu filho, não é igual a se casar, se fosse assim, não precisava se casar no papel, ela esta certa em querer ter a casa dela e afinal Jonatas precisa de uma mulher que ele admire como mãe, e ela tem um carinho por ele como nenhuma outra teve e ele se entendem e ate agora vejo que ela faz tudo para te agradar, e vejo medo nos seus olhos, e isso esta te impedindo de enxergar o presente e temer o futuro, e você precisa ter alguém que te ame, afinal eu posso cuidar de vocês dois, mas ate quando? Penso em viajar, em rever meus familiares, e sei que ficaria tranqüila se vocês estivessem um cuidando do outro. Bom mas essa é apenas minha opinião, o que conta é o que você vai decidir.

Jonatas deu um beijo no pai e saiu com a avó deixando os dois sozinhos.

Não era fácil para Alan começar uma nova vida, Sheila ainda estava em seus pensamentos, o sorriso fácil e a brincadeira as telas que pintava e que ele amava dar o toque final, as canções que ouviam o modo como ela prendia o cabelo e se arrumava, os olhos perdidos nas paisagens que depois iria para a exposição em dia de festa, os manuscritos e as dedicatórias para ele e o filho, havia já um ano que acontecera o acidente, e ela se foi levando os sonhos e os planos, ate mesmo de terem outro filho. Olhou para Suzana tão diferente, e ele gostava dela, sentia a falta e o coração chegava a bater mais forte quando sabia que ela iria chegar, a amizade dela com o filho, mesmo sem se conhecer já havia uma ligação muito forte, fora ela que explicara para o filho de maneira mais explicita o que acontecia com palavras fáceis, ajudou o filho a superar a dor e a saudade da mãe, sempre colocava ela entre eles como uma fada que estava ali, mesmo que eles não a vissem foi ela que explicou o motivo que Deus escolhe os bons para ficar ao lado dele, o exercito celestial precisava de anjos bons para lutar contra o mal. E ele entendia que o pai sofria e por isso não falava da mãe, depois da partida, Alan deixou Jonatas com a avó e estava sempre distante, pensativo. Ate que em uma festa na casa de parentes conheceu Suzana, ela também estava ali com uma ferida aberta, precisando cicatrizar, e no momento em que se sentou com Jonatas começou a descrever para ele uma beleza na partida das pessoas que nem em sonho, eles imaginavam, e foi essa união que os fez se aproximar.

Suzana também era uma artista, e perdera alguém que amava muito, ela escrevia belos textos, havia perdido um homem que amara muito e tentava se recuperar fazia da morte uma amiga e imaginava coisas lindas, pessoas e lugares onde ele estava envolto a uma luz azul caminhando livre e feliz, agora ela não chorava mais, mas sentia uma falta enorme, daquele que se foi. Ela também estava se dando uma chance.

Foram despertados por uma risada gostosa de Jonatas e de dona Vera avó e neto se divertiam muito juntos. Alan e Suzana se olharam ela partiria no outro dia em viagem de férias, e ele teria que tomar as decisões ate aquela noite. Suzana de uma forma incrível tomou conta dos pensamentos e Alan a tinha como um anjo em suas vidas.

Alan franziu o rosto, deixando os olhos verdes mais sérios, o cabelo louro caia na testa os lábios firmes o queixo forte, era um homem muito bonito, a pele dourada pelo sol, olhou para o lado como se pressentisse a presença de alguém e de repente suavizou o semblante e relaxando na cadeira a sorrir, um sorriso largo com dentes brancos, era o sinal que esperava, ele notou que Suzana também sorrira e pela primeira vez ele viu algo que não notara em meses, como ela era especial, dos olhos brilhantes saiam lagrimas, não de dor e nem de saudade, mas de esperança de um recomeço.

Levantaram-se e abraçados, selaram um sim, e foi em um beijo que descobriram que se amavam não como apaixonados, mas como pessoas se dando uma nova chance, naquela hora Jonatas entrou com d Vera, eles sentiram então uma paz que há muito tempo não sentiam, enquanto os dois estavam abraçados, era como se imagens de luz brilhavam ao redor unindo aquele casal, Jonatas admirou ao ver borboletas voando em plena noite de luar e estrelas.

Ele sabia que o amor mais uma vez triunfaria.

crisviana
Enviado por crisviana em 12/02/2012
Código do texto: T3495182
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.