De: melancolia - Para: ninguém

A chuva já passou, já pode vir, meu bem. Te espero com o vinho e com o alento.

Te espero com a luz acesa e a porta trancada. Dê duas batidas, eu abro pra você. A porta e o coração.

Você vem e a gente vive aquelas paixões loucas que sonhei. Daquelas que arrebatam e que me fazem sair de órbita por semanas.

Tudo bem pra você se o sofá não for confortável e o assunto variar do culto ao banal em questão de segundos? O café pode ser forte? Você se incomoda se eu abrir as janelas? É que gosto do cheiro da chuva.

Já pode vir, já não há mais ninguém na rua, ninguém pode te ver (era esse o seu medo?). Te espero com um filme no DVD e com um abraço pronto.

Te espero com um nó na garganta, com lágrimas querendo escapar dos meus olhos. Com um pressentimento que grita que você não vem e com uma faísca de esperança que me faz... Te esperar.

O vinho está pela metade, o vento avisa que a chuva pode voltar. Já passa das duas e eu não sei mais se estou sendo controlada pela razão (mas desconfio que não esteja). Ainda te espero sentada no tapete, olhando pra tv desligada.

Você não vem? O café esfriou, o DVD entrou em stand-by, o abraço foi partido, as lágrimas se libertaram e apagaram a faísca de esperança, o vinho já acabou. Apaguei a luz e tranquei a janela. E o coração também.

Lisandra Lopes
Enviado por Lisandra Lopes em 12/02/2012
Código do texto: T3494844
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