Encantamento

É evidente que todos na vida têm histórias de amor, muitos, bem sucedidas e outros terminadas em dores e às vezes em tragédias.

Um conterrâneo contou-me sua história de amor bastante atípica. Começou num evento social, ele tinha doze anos e a moça vinte e três. Aos olhos dele ao vê-la ficou paralisado diante de tanta beleza, parecia uma deusa vindo de um mundo encantado, não tirava os olhos dela. A moça incomodou com aquele olhar fixo daquele menino, ironicamente o perguntou: “ô menino, você quer casar comigo”? Contava ele, mesmo paralisado por fenomenal beleza, ainda teve forças para uma resposta: “se eu pudesse, sim”! E à moça sorrindo disse: “ vou te esperar.” Cidade pequena não foi difícil descobrir endereço e nome daquela dona de grande beleza, chamava Iracema. Desejo e paixão juvenil não faltaram forças para manter aquela esperança, ele levou a sério aquela promessa. Aos quatorze anos por dificuldades financeiras de seus pais teve que acompanha-los para São Paulo. Aquilo foi como um soco na boca do estomago, levando no coração aquele amor platônico. Em São Paulo, quando alguém da terrinha aparecia por lá, queria saber notícia da linda Iracema. Ao completar dezoito anos, se aprontou como se fosse um noivo voltou à cidade cheio de esperança de que Iracema cumprisse a promessa de seis anos atrás. Sua maior decepção; Iracema já estava casada com um filho de um grande fazendeiro. Esforçou-se para esquecer, mas não conseguiu , só pensava nela, não conseguiu apaixonar-se por nenhuma namorada. Passados mais sete anos recebeu uma notícia trágica:Iracema ficara viúva, o marido havia sido assassinado por questões de terras, embora sentindo uma boa chance, não foi com muita sede ao pote,esperou passar o período de luto. Depois de um bom tempo novamente cheio de esperança, já que tinha emprego estável, carro próprio, criou coragem e decidiu declarar o amor guardado há treze anos. Chegou à pequena cidade às 1800 horas, indagou sobre à viúva Iracema, à notícia o deixou inerte e sem fala, Iracema havia sido sepultada às 1500 horas naquele dia. A leucemia ceifou à `vida da mulher mais bonita daquela cidade do Nordeste Mineiro.Contou—me que naquela noite encheu a cara e dormiu debruçado na mesa de um bar, acordado às 300 horas da manhã para que o bar pudesse ser fechado. Na tarde do mesmo dia levou uma rosa e a depositou carinhosamente no túmulo. Mesmo sabendo que estava ferindo à moral conservadora dos familiares , deixou uma mensagem num papel cartolina: Adeus Meu Único Amor! Marquinho.

Faz mais de dez anos que não tenho notícia deste conterrâneo.

Lair Estanislau Alves.

Sô Lalá
Enviado por Sô Lalá em 01/02/2012
Código do texto: T3475041
Classificação de conteúdo: seguro