Desencontro
Têm coisas na vida de uma pessoa que não se pode explicar. Não sei se já aconteceu alguma coisa parecida com a leitora. Deixe de ser curiosa, já vou lhe contar! Foi o seguinte:
Martha conheceu seu amor numa viagem que fez com um grupo de dança prá o sul do país.
Rafael, um músico reconhecido no seu meio de trabalho, enamora-se de Martha logo que a conhece. Começa a namorá-la apaixonadamente. Foram dias inesquecíveis aqueles que viveram!
__ Oi, querido, já está terminando a temporada. __ Martha inconformada.
__ É, amor. Bem, você já sabe. Vem morar comigo aqui em Curitiba?
__ Querido, mas como? Sou muito nova. Não posso deixar minha mãe prá trás dessa forma.
__ Prá mim é impossível também. Como você sabe a minha profissão tem melhor mercado aqui no sul do que no norte. E outra, já estou plenamente estabelecido. Não posso deixar o certo pelo duvidoso.
Rafael estava coberto de razão. Martha não tinha direito de sacrificá-lo. O romance deles acabou. Martha voltou prá sua terra natal arrasada. Mas fazer o que, né? Ainda se comunicou por telefone com Rafael algumas vezes; houve trocas de algumas cartas, declarações, presentinhos, porém aquele amor estava fora de cogitações.
O amor é como tudo na vida, precisa ser mantido acesa a chama. Como acender o fogo daquela paixão, se Martha estava no norte e Rafael no sul? Felizmente Marta decidiu esquecê-lo, aceitou o pedido de casamento de Rodrigo, seu amigo de infância.
Foi tudo lindo como num sonho de fadas. A festa, a lua-de-mel, tudo. Rodrigo veio prá cima com todas as armas de seu amor. Ofereceu a Martha tudo que uma jovem desejava. O casamento dela fora invejado por muitas colegas.
__ Gente, ai queria ter a mesma sorte da Martha. Casar-me com alguém como Rodrigo seria perfeito. Sim. Ele é lindo, amoroso e, além disso, é rico. O que se quer mais? Nada. _ Era unânime entre suas amigas.
Martha realmente tinha sido abençoada por Deus. Passaram uns três anos maravilhosos. Todavia no quarto ano de idílio, as coisas sofrem um revertério: Martha passou no escritório do Rodrigo sem avisá-lo e o pegou aos beijos com a Rosa, sua secretária. Depois disso, o castelo de Martha ruiu. Por mais que Rodrigo justificasse que fora culpa da Rosa, que jamais sentira nada por sua secretária, Martha não acreditava nele, nem mesmo queria saber.
Tudo acabou. Separaram. A sorte deles é que não ficou filhos dessa relação. Ambos saíram doídos, mas não restaram elos fortes. Cada um foi prá seu lado. A partir de então, Martha voltou à estaca zero: Voltou a viver com seus pais. Ela não tinha ânimo prá nada. Estudava, trabalhava, porém como um robô. Sua vida se transformou numa rotina que ela não desejava prá sua pior inimiga. Sua mãe ali do seu lado, sempre lhe empurrando prá sair daquela letargia:
__ Filha, você tem que sair. Conhecer gente. Arranjar um namorado.
__ É ruim! Não quero nem pensar em namorar. __Martha sem perspectivas.
__ Mas como, filha?! Você está na flor da idade, como dizer uma coisa dessa?! Vai, filha, passear, quando menos esperar, isso já passou. __ dona Joana super-triste de ver sua querida filhinha naquele estado lastimável.
__ Tá bem, mãezinha. Qualquer hora,irei passear __ Martha falava só por falar.
Martha não vivia, vegetava. As horas, os dias, os meses, eram todos iguaisinhos. Essa situação demorou uns três ou quatro anos. Ninguém agüentava mais. Daí, como num passe de mágica, Martha voltou a si. Mas, detalhe, ela estava com uma idéia fixa na cabeça: iria reencontrar o seu grande amor. Desse no que desse, iria reencontrar o Rafael.
A partir daquele instante, não teve um minuto mais de sossego. A busca era de dia, de noite e até de madrugada. Virou uma obsessão. Vasculhou os quatro cantos do Brasil atrás de uma notícia de Rafael.
No seu coração, Martha sabia que, dia menos dia, aconteceria um milagre, uma grande dádiva de Deus: encontraria o seu grande amor.
Agosto de 2006, Martha por acaso, num bate-papo on-line, fazendo o seu dever de casa, pesquisando sobre a profissão de Rafael, contactou um moço que o conhecia. Eduardo coincidentemente trabalhava com Rafael. Então, ficou fácil o reencontro. Ela pedira pra que lhe repassasse o número do seu celular. Pra surpresa, em menos de vinte e quatro horas, já estava o recado dado e Rafael ao telefone.
Ah! Deixe que curtam todas as delícias desse reencontro! Óbvio, que não lhe contarei, leitora. Tenho certeza que você quer xeretar, não? Pense numa pessoa curiosa!... Não lhe direi absolutamente nada, todavia adianto-lhe que fora do jeito que os dois sonharam.