Meu Destino
Os cabelos dela eram cacheados. Essa foi a primeira coisa que notei a quando a vi. Não o corpo, nem o rosto. Os cabelos. Eles se anelavam perfeitamente ao seu rosto, deixando-o misterioso.
Ela não era curvilínea, não possuía o ideal de beleza que as mulheres de hoje querem. Era magra, até demais. Usava um vestido meio longo, amarelo. Me aproximei dela, cauteloso, e me apresentei. Percebi, então, que os olhos dela eram castanhos, da mesma cor do seu cabelo.
Ela só sorriu. Parecia tímida. Continuei falando, mas ela não me ouvia. Seus olhos estavam voltados para uma árvore à distância. A impaciência se apresentou a mim.
– Você está bem? – perguntei.
Ela me olhou e começou a gargalhar. Não entendi a graça.
– Sim, estou – ela respondeu – A minha cabeça voou para longe... Creio que você queira saber o meu nome, no entanto, tenho muitos. Não sei de qual poderá chamar-me.
O seu rosto adquiriu uma leveza incomum. Comecei a achar que ela era uma doida.
– Hum, certo. O que faz aqui?
Ela riu de novo.
– Desculpe, sua expressão é tão peculiar. Me trás alegria. Não estou rindo de zombaria, juro. Vou lhe dizer o que faço aqui: estou esperando meu destino. Mas acho que ele já chegou. – disse, me lançando um olhar malicioso. Depois, acrescentou – E você, o que faz aqui?
Eu não sabia. Uma força magnética tinha me puxado até aquele lugar, e eu somente a obedeci.
Percebendo minha hesitação, ela segurou minhas mãos e sussurrou:
– Quando o destino te encontra, você não deve fugir dele.
E, embora parecesse loucura, eu não fugi.