O amor de Adriano

Desde menino Adriano não se sentia muito a vontade com outros meninos, preferia a companhia das meninas, carrinho, bola eram coisas que não o atraíam. Gostava de observar a mãe se vestir, principalmente quando ela começava a cuidar do penteado e a fazer a maquiagem em seu jovem rosto. Ele ficava impressionado com a mudança que um batom, um rímel ou um blush causavam na face de sua mãe. Ele tinha uma atração por todo aquele ritual de transformação que sua mãe fazia diariamente. Seu pai era uma figura ausente em sua vida, logo que Adriano nasceu, houve um acidente que foi fatal, ceifando a vida do jovem Juvenal que pouco tempo teve para desfrutar da alegria de ser pai de Adriano.

Certo dia a mãe de Adriano o surpreende em seu quarto, não só observando as roupas no armário, mas usando um vestido curto que nele ficava parecendo um longo vestido de noiva. Foi repreendido por mexer em coisa alheia, e sua mãe ganha uma dúvida, uma incerteza, ou até mesmo a confirmação daquilo que de alguma forma já suspeitava.

Foi um momento difícil para ela, pois sabia que ser minoria em diversos momentos gera sofrimento, sabia também que preconceito era algo que seria uma constante na vida de seu filho e também em sua própria vida. Explicações teriam que acontecer, indiretas iria ouvir e censuras não seriam coisas raras.

O menino Adriano cresceu e virou um adolescente, começaram os namoros com meninos, que muitas vezes eram apresentados a sua mãe que demorou a se “acostumar” com a situação.

Sempre foi um bom filho, bom aluno, colaborativo, educado e companheiro de sua mãe.

Adriano continuou crescendo e tornou-se homem, continuou tendo alguns namorados, contudo nunca houve um com que ele conseguisse manter um relacionamento estável. Talvez por seu temperamento forte, seu alto nível de exigências. Mas a busca continuava....

O tempo passou, sua mãe morreu e Adriano permaneceu só e com uma única certeza em sua vida, do amor recíproco de mãe.

DVM
Enviado por DVM em 12/01/2012
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