Confissões de um eu-lírico feminino

Todos têm um momento e um lugar preferido para pensar. Sabe aquela hora do dia que bate o tédio restando apenas a opção de acomodar-se num canto qualquer e fixar o olhar no nada afim de liberar a mente a saciar sua ânsia de viajar pelos lados ocultos dos pensamentos? Então, são nesses minutos que conseguimos perceber o que queremos mudar em nossas vidas, aquilo que nos falta e o que não nos serve mais. Foi nesse contexto que resolvi, certo dia, sentar-me na sacada do mais alto andar do prédio. Era loucura, lá não havia nenhuma proteção contra quedas, mas cheguei àquele ponto no qual nem o medo ousava estar presente, minha felicidade dependia de vários fatores e poucos deles estavam comigo. Ao toque da brisa e no topo da cidade, respirei fundo e pedi aos céus que me desse uma razão para continuar. Nesse mesmo instante você passou caminhando pela calçada, não sei como consegui vê-lo, mas toda a multidão dissolveu-se em névoa e toda a distância virou mito. Estávamos frente à frente e sob seu hálito pensei: "você será a âncora que me manterá firme até que meu tempo acabe, porque você é o que preciso para eu começar a ser feliz."

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