O melhor dos Anos Novos

Os fogos no céu anunciavam, era o último dia do ano e todos estavam felizes. Inclusive eu. Eu que era tão indiferente a essa data, a essas comemorações que sempre julguei banais, desta vez estava realmente compartilhando da alegria que todos esbanjavam. Mas o meu motivo era o mais verdadeiro possível, puro e único. Ímpar porque era a primeira vez que podia desfrutar de um sentimento tão sublime, grandioso e empolgante. Eu amava.

Assim, mergulhado nesse êxtase que nos leva aos mais belos lugares, eu estava terminando o ano da forma mais feliz que um homem poderia estar, e iniciando um novo ano repleto das melhores expectativas, sempre me imaginando ao lado dela. Cabe ressaltar aqui antes de prosseguir, eu estava enamorado de uma pessoa com a qual nunca estive presente, que na época residia em outro país. Talvez antes fosse diferente um relacionamento desses, mas hoje já é considerado normal, o porquê todo mundo sabe, não vale explicação.

Continuando, estávamos num período de tomada de decisão, em que a questão a ser decidida era quem iria morar com quem. – Agora você entende o tamanho da expectativa para o ano que se anunciava –. Eu estava iniciando faculdade, e ela começando uns projetos na terra do Tio Sam. A maior dúvida era quem iria largar mão da sua vida para juntar-se ao outro. Ambos estávamos dispostos e decididos, por isso o impasse.

Pois bem, os fogos foram queimados, a champanhe estourada e a virada aconteceu. Após a diferença de 3 horas do fuso horário, e mais um tempinho, combinamos de nos encontrarmos no que era até então o nosso cantinho para ficarmos juntos, dois quartos, duas pessoas, e dois computadores interligados vira internet. Assim passamos o resto da virada juntos, planejando, sonhando, rindo, se amando da forma que nos era permitida.

Desse jeito tudo foi perfeito, a alegria transbordava nos olhos brilhantes a cada vez pronunciado o seu nome. Até que Deus não mais permitiu isso, e a continuidade do ano foi de grande tristeza, reflexão e arrependimento. Aprendizado e amor imortalizado, sem mesmo nunca ter a tocado. Um amor tão real e verdadeiro quanto qualquer outro da maneira ‘convencional’.