O triste Adeus!
Batia o sino da igrejinha de Lindolândia, indicando às nove horas. Cidade bonita, dias lindos, noites lindas... Tinha de tudo nesta cidade: drama, paixões, medo, horrores e terrores! Mas o que mais reinava nesta cidade era a paixão: casais apaixonados andando pela rua... Abraçados, do jeito que for, brigando, se abraçando, beijando... Alguns até não vem ao caso dizer. Mas nesta cidade também morava Cindy, uma jovem de 17 anos, doce e apaixonante, morava com os pais Belmiro e Adenélia, pais autoritários e durões. Mal chegava em casa, o pai já vistoriava a bolsa da menina, com o intuito de protegê-la; mas que bobagem, a menina não tem nem privacidade. Cindy chegara mais cedo do colégio hoje, pronta para ir à igreja junto da sua mãe Adenélia, para fazer suas orações. Chegando lá, como sempre, elas iam conversar com o pastor júnior, que abençoava as duas que se sentavam para ouvir os ditos do pastor. E neste dia, chegava à cidade uma família vinda de raízes familiares muito nobres. Vinham entrando, Joélson, Marília e o grande filho de 23 anos, Emílio. Emílio era orgulhoso, tinha nojo dos pobres, e o único motivo dele estar nessa cidade era a construção de um hotel, cujo pai iria dirigi-lo. Mas sentara no banco para ouvir os ditos do pastor, Emílio olhara para o lado e vira, aquele linda jovem, sentada, prestando o máximo de atenção nas palavras do pastor. Mal olhava e já estava babando, encantado com aquele linda jovem.
Mais tarde, depois do culto, todos iam saindo pela porta principal da igreja. E lá estava a família de Emílio na porta, sendo cumprimentados pelos fiéis, que não os conheciam. E naquela saída da igreja, Cindy e Emílio trocam olhares, talvez o único olhar dos dois, por conta do autoritarismo do pai de Cindy. Num dia de aula, Cindy entrava pela porta de sua classe, quando vira Emílio sentado na sala de aula, ao lado de sua carteira. Mal acreditava a garota; parecia estar feliz e surpresa, tudo ao mesmo tempo. Depois da saída de um professor, todos estavam em silêncio, quando escutava-se a única fala do moço novo aluno:
- Língua portuguesa é complicada, né? - Dizia com um sorriso meio sem graça.
A garota quase desmaiou de tanta timidez, mas disparava a ele que a língua não era complicada. Numa destas trocas de palavras, ele dissera que era um pouco repetente, por ser mais velho e estar no ensino médio.
Passava-se semanas, e os dois iam se envolvendo, e ela ia ajudando ele com a língua portuguesa, sempre era essa a desculpa. Eis que num destes dias os dois lábios se tocam, e Emílio e Cindy se beijam, no meio de todos na sala. Os dois são levados à diretoria, e Cindy implora à diretora Margarete a não contar pro seu pai, ou senão ele a mataria.
- Quer que eu não conte a seus pais o que aconteceu aqui, mocinha? Negativo, vou puxar na ficha o número de telefone do seus pais. Quanto a você, mais novo aluno Emílio, vou convocar seus pais para uma reunião, e se eles permitirem será transferido a outra sala, em outro período.
Enquanto a diretora corria atrás do número, os dois ficavam aflitos naquele banco à espera, pensando, pensando...
- E agora, Emílio?! Meu pai, você não o conhece! Pelo amor de Deus!
- Cindy, sinto muito. Mas meus pais não vão mover um dedo contra você. Já o seu contra mim...
- Vamos ter que parar de nos ver, e eu não quero isso... Eu acho que eu tô apaixonada, Emílio, por... por você.E logo mais, chegava o pai de Cindy, Belmiro, furioso, esbravejando no meio da sala de aula, deixando a pobre jovem envergonhada:
- Menina, olha o que você fez! Eu já disse que eu não quero você beijando ninguém! Sua vagabunda! - O pai batera na filha, enquanto todos os colegas riam da garota. E nesse dia mesmo, horas depois, o pai tomava uma difícil decisão:
_ Você entendeu, né, Cindy? Aquele moleque é mais de 6 anos mais velho que você! Hoje mesmo, hoje... eu, você e sua mãe vamos voltar pra minha terra natal.
Mal terminara de dizer, as lágrimas já escorriam do rosto da menina, que chorava baldes de lágrima. Pensava em Emílio, pensava e pensava... De castigo, a garota pegava o celular e discava o número do jovem:
- Emílio... - Chorando - ... queria te ver antes de... antes de ir embora de Lindolândia.
- O quê? - Desesperado - Cindy, não... Eu te amo, olha... Eu juro, peço sua mão em casamento para seu pai, ele...
- Não, Emílio... Não tem mais jeito. Acabou... Fim... Adeus, meu amo-- E caíra a ligação...
Arrumava as malas filha e mãe de mau-gosto, enquanto Belmiro arrumava os outros utensílios domésticos.
- Jô... Não vamos. - Dizia a mãe Adenélia - Pobrezinha da nossa filha, deixa ela namorar, vai. O rapaz vem de uma boa família, vai fazer ela feliz.
- Não! Ela vai ir embora com a gente, com a gente Adenélia! E não se fala mais nisso!
E já chorava a garota, arrumando sua mala tristemente.
Chegando à noite, a família de Cindy e ela, entrara no trem, que partira vagarosamente. Ia passando as paisagens naturais e Cindy ia refletindo naquela paixão que ela nem teve tempo de aproveitar. O trem partindo, Cindy chorando, e seus pais dormindo. Quando ela estava quase dormindo, meio que olhara pra fora e via-se apenas a crina do cavalo... Se surpreendia e olhava melhor, e quando batia os olhos mais a fundo, viu Emílio no cavalo gritando sem som “Cindy, Cindy”. A garota fica mega-surpresa e fica feliz, risonha, alegre e tudo mais que se pode imaginar. Fazia gestos para Cindy, ela não entendia bem, mas ele fez um gesto que dava pra ela entender: Seguindo os gestos, Cindy olhara dentro de sua mala, e vira um envelope com um coração, e uma carta. Tirara a carta e lera, emocionadamente:
“Estarei sempre aqui, meu amor. O seu pai pode ter nos separado, mas o amor ele não separa. Te esperarei o tempo possível e impossível. Estarei sempre nesta linda cidade em que te conheci. Dizer “Adeus” nunca, porque eu verei você em breve. Te amo!”. E chorando terminava de ler a carta e quando olhara para fora não vira mais o rapaz sobre o cavalo. Abraçava a carta e partia de viagem, chorando, chorando...
FIM
Muito obrigado, leitores por vocês lerem minhas obras. Comentem o que acharam. Obrigado, o autor!