Tchau, Eliza...

Andei pensando e cheguei à conclusão que eu precisava pelo menos me despedir de Eliza... Mesmo com a garganta rasgada de tanta dor escondida.

Então eu a ajudei a carregar suas malas até o ponto de ônibus.

- É aqui – ela suspirou colocando uma das bolsas no chão. Olhou para mim. Eu desarrumado por causa do vento. Cara de besta e cheio de bagagens – não estão pesadas? – ela perguntou.

- Não – eu respondi. E realmente não estavam.

- Então por que está com essa cara de cansado? – Eliza sorriu e ajeitou o meu cabelo.

“Deve ser porque eu não consigo mais dormir, para falar a verdade, desde o dia em que eu te conheci, não consigo mais dormir...”

- Acho que estou doente – falei, sentando-me no banco de cimento – sim, deve ser o resfriado.

- Ah! Então não deveria estar aqui, está ventando muito! – ela se sentou do meu lado, ajeitando sua saia verde.

- Eu precisava me despedir... – eu falei e o vento bagunçou a sua franja, arrancando-lhe uma risada de surpresa de seus lábios.

Eu ache engraçado e também ri. Ela tentava tirar alguns fios do rosto, mas o vento voltava.

- Deixa que eu te ajude – falei e segurei seus cabelos numa mão só, juntando-os. De súbito, meus dedos roçaram em seu pescoço sem querer, e eu não sei como não saí correndo para me esconder – então, você vai voltar para me visitar, certo? – eu perguntei, voltando para a posição em que estava, visto que ela já pegara um lacinho para o cabelo.

- Não sei... Eu vou tentar – Eliza pegou em minha mão.

- Tudo bem... – eu abaixei a vista.

- Olha! O ônibus!

Eu olhei para trás e desejei muito que aquilo sumisse.

Ela se levantou. E quando eu fui perceber o motorista já a ajudava a colocar a última bagagem dento do ônibus.

Levantei-me.

- Então é isso – ela murmurou e eu acenei com a cabeça. E virou as costas para mim, mas antes que ela pudesse subir para o ônibus eu segurei o seu pulso, puxando-a de volta.

Ela me olhou confusa e eu senti um forte aperto no coração.

- Eu... – hesitei, colocando a mão no bolso e pegando um bilhetinho – escrevi isso para você ler dentro do ônibus...

- Está bem – ela comprimiu os lábios e se despediu com os olhos.

E lá se foi a menina que eu amo desde a sexta série.

“Eliza, eu sei que talvez seja tarde, e que se não fosse por esse bilhetinho eu nunca te diria o que eu devia ter dito há muitos anos.

Eu sei que a sua viagem também é por minha causa, visto que eu não te falei no tempo certo que a amava... Mas eu a amo! Amo tanto que passo mal apenas em imaginar a quantidade sem fim desse sentimento!

Eu te amo, te amo. Por isso também eu não te impedi de sair da cidade. Não posso te prender... Só posso esperar que você volte e nunca mais se vá...”

Bruna Morgan
Enviado por Bruna Morgan em 09/12/2011
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