"João e Maria".

           João e Maria eram primos. Quando criança brincavam, quer dizer brigavam juntos. Conforme foram crescendo, tornaram-se amigos. Um dia a família de Maria, mudou para a capital. Com a distancia, perceberam que a amizade, era um pouco mais, e começaram a trocar correspondência. Nas férias Maria fez questão de visitar os parentes.
João preferiu ficar em casa. Com a chegada da prima, virou seu guia. Visitas a parentes, rio, cachoeira, namoro, paixão. As férias terminaram e não havia jeito. Separaram-se, as cartas eram diárias. Chegou a hora de João servir o exercito. Do quartel continuaram se comunicando. De repente outra noticia ruim, seu pelotão teria que reforçar as forças de paz, no Oriente. As cartas ficaram espaçadas, agora só de mês em mês. Toda tarde ela ia a uma pracinha próxima de sua casa para (estudar), ler as cartas antigas, ler e escrever outras. Enquanto lia se distraiu, quando deu por fé João estava sentado à sua frente.
-Nossa João, assim você me mata de susto, quando voltou? Quis abraçá-lo, ele estendeu a mão pedindo que parasse.
-Preciso conversar com você, é grave. Ele estava tão bonito, rosto sereno, mas estava diferente.
–Meu pelotão foi emboscado, fomos presos, torturados, a maioria morreu, os que não morreram foram aleijados e desfigurados dificilmente escaparão. Não peço que me esqueça, apenas procure viver a vida. Você é jovem vai ser feliz. Eu estarei sempre ao seu lado e olharei por você. Curiosamente ele se volatilizou. Após o susto pensou ela ter sonhado e correu para casa. Chegando lá a mãe falou. –Um jipe do exército veio aqui e deixou uma carta, as notícias não são boas. Ela abriu a carta e diziam ter o pelotão dele ter desaparecido, mas tinham esperanças de encontra todos vivos. Se houvesse acontecido alguma coisa já teriam sabido.
O exercito não sabia, mas ela sim. Maria adoeceu, foi ficando pior até ser internada. O médico chamou os pais,
-Ela não quer viver é difícil reabilitá-la, nem com soro ela reage. À noite no hospital, enquanto todos dormiam. Maria recebeu nova visita. Era João.
–Estou triste com você, deixou de brigar, com isto você não irá encontrar comigo. Vamos ficar juntos sim, mas não desse jeito. O que você está fazendo é suicídio, isto nos separa totalmente.
-Você irá para um lugar muito triste, chamado Umbral. Aqui eu posso vê-la quando quiser. Ela concordou e reagiu, parecia que tinha esquecido João. Ficou forte, e bonita outra vez. Ao invés de voltar a estudar se alistou como voluntária e foi ajudar as vítimas da guerra. Em quatro anos conseguiu ajudar muitos. Certo dia em um hospital improvisado fazia curativos em uma criança. Apareceu João. – Você está pronta? – Sim estou. – Venha comigo, e saíram. O lugar onde ela estava era feio só escombros, casas caídas, carros queimados, mas ela não viu nada disso. Caminharam por uma alameda arborizada, suave com pássaros cantando, coisas que ela não via e ouvia há muito tempo. Este belo casal, em vida nada conseguiu, porém após, ficaram felizes por algum tempo. Porque ambos tinham missões a cumprir.
“A morte, é apenas o princípio”.
OripêMachado.
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 27/11/2011
Reeditado em 03/12/2011
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