FLOR E PAZ
Naquela casa, situada num quadrante de rua qualquer, havia um chão de terra batida e não estercada. O sol abrasador cintilava sobre um conjunto de flores, em cores sortidas, plantadas num canto de um não-jardim.
Um homem de cabelos alvos, pele em rugas, mãos de labuta e olhos de escuta, está sentado à sua mercê, lendo a bíblia e fazendo reverência as flores que vê.
No mesmo instante, batidas no portão. O homem levanta-se e recebe de coração alegre a filha que o visita. E, numa conversa trivial, a dois, o perfume daquelas flores, cintilam amores. O homem feliz, fala de sua alegria e admiração pela natureza e de seu amor pelas flores. Diz-se ter um sonho: morar na roça e plantar jardins. O que ele não sabia , nem mesmo a filha, é que já possuía um coração jardineiro!
A filha o olhou com alegria e encontro, pois também amava as flores em sua breve beleza de formas e cores.
Logo após a cheirosa conversa, o pai pega punhados de flores secas em sementes, põe nas mãos da filha e pede:
- Plante-as no seu jardim!
A filha despede-se do pai de olhos úmidos e mãos em perfume-sementeira.
Agora, no jardim da casa da filha, todo dia, ela vê seu pai aos montes... Cada flor que desabrocha fala do pai que, mesmo distante, se faz presente, fazendo o seu dia cheirar amor!
Ao meu pai de pura paz!