Escrevendo para o amor...(parte II)

Sinto que os dias estão cada vez mais próximos. Parece uma bomba relógio em contagem regressiva, dentro de mim. É apenas uma questão de tempo, ou talvez, uma questão de coragem. Tudo conspira para que esse passo seja dado. A realidade invade o sonho. Não é possível mais sonhar. Agora que já sei como, falta...quando. Quando vou deixar que, finalmente, esse sonho acabe? Nossos olhos vão encontrar-se mais uma vez. Talvez a última. Entregarei para você aquilo que, posso dizer, foi minha obra prima, minha "primeira história". Não tenho mais medo de dizer que foi a nossa história. Afinal, sinceramente, não foi a "nossa" história, e sim, a história de alguém que amou muito, muito mais do que é possível descrever. Mas, é também sobre alguém que nunca soube o que é amar, e diante de algo tão grandioso, fugiu. Era um sonho lindo, tão lindo que assustava, doía e me fez acreditar que, por isso, eu não merecia. Felicidade, uma palavra estranha para alguém que estava acostumado apenas com xingamentos, injúrias, difamações. Sorrisos, palavras doces. Tanto carinho, tanta atenção, não poderiam ser pra mim. Por que seriam? Porque depois de tantas agressões, injustiças e acusações? Como eu poderia entender que você era diferente? Como eu poderia imaginar que, talvez, depois de tudo...Eu deveria deixar que a "bendita" felicidade entrasse em minha vida? Como eu a reconheceria? Eu não sabia. Não havia sido ensinada a reconhecer você. Não tinha aprendido a amar. Esta palavra não existia em meu vocabulário. Existiam outras, como: chorar, gritar, fingir, sofrer. Até hoje, soa estranho. Cada vez que penso em felicidade, parece que penso em algo muito longe de mim, algo inacessível, impossível...ou apenas, irreal. Mas heis que...meu coração ou minha mente, não sei. Sei apenas que é algo aqui dentro de mim, que me faz lembrar daqueles momentos...pequenos momentos em que nossos olhos se encontravam. Impossível esquecer que a minha alma sorria. Impossível esquecer que o tempo parava. Se eu morresse hoje, agora, neste instante, pediria que o tempo parasse novamente, apenas por alguns segundos ou frações de segundos, para que eu pudesse voltar ao passado e ouvir, somente mais uma vez...a tua voz, olhar nos teus olhos e sorrir com o teu sorriso. Seria uma morte doce pra mim. Acho que eu não me importaria de morrer, se fosse a única maneira de sentir, mais uma vez, o que sentia quando eu te via. Este é o sonho. O sonho que vai terminar. Falta pouco. A realidade está invadindo minha vida, dia após dia, cobrando, exigindo, fazendo-se presente, enquanto que minha alma parece querer ausentar-se de mim. Ela sabe que o dia está próximo. Deve ser instinto. Um instinto de sobrevivência. Ela não quer morrer. Nenhuma alma deve querer morrer. Nem mesmo a minha. Mas, os dias estão passando...E então, eu chegarei até você, olharei em seus olhos e...provavelmente, não conseguirei falar nada. Nunca consegui falar qualquer amenidade, quanto mais algo tão importante. Acho que junto com a história, entregarei uma carta, nela estará escrito tudo, ou parte de tudo. Você não entenderá nada. E eu não ficarei para ver o que acontecerá depois...irei fugir, como sempre. Vou fugir de ti, meu amor, meu amado imortal...pois, a felicidade que seria amá-lo não me pertence. Voltarei para a realidade, para a crua realidade em que preciso lutar para sobreviver, mesmo que eu sinta que estou perdendo minhas forças, preciso continuar aqui neste mundo que não me permite ver o teu sorriso, nem o teu olhar. Tenho apenas a tua voz em minha mente, tuas doces palavras de carinho e atenção a uma menina assustada e triste...que até te conhecer, não sabia o que era amor...e não imaginava o que era amar.

Lisi Martins
Enviado por Lisi Martins em 07/11/2011
Código do texto: T3321551
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