NÃO MAIS ME VERÁS ! Parte III
O “doutor” Uílio retorna ao aposento de Fred, que ainda dorme. Serelepe, retira do bolso do hóspede (ou paciente) a prescrição médica deixada pela doutora. Leva-a para uma... eventualidade. Leva também a caneta, gravada com o nome dela. Tem, agora, a carta na manga contra a candidata do Cônego para superintender a área de saúde da Casa. Nada obstante a aclamação unânime de Irma pela comunidade, o “doutor” Uílio ambiciona tão somente o seu cargo.
Entrara no projeto com esse objetivo. Uma questão de autoafirmação. Seu apelido precisa ser consagrado pela comunidade, “per omnia saecula”. Irma é uma inocente pedrinha no calo do seu chefe. – “Se ela renuncia, qual é o tolo que quer ser médico voluntário!?...” .
Irma liga para a secretaria e confirma sua presença, como palestrante, no encontro da sexta-feira (08/10/1993), às dezesseis horas. Quer falar para as famílias.
Fred se prontifica para a divulgação. Uma oportunidade de contatar velhos amigos.
Vai aos sindicatos. Abraça amigos, ferroviários e portuários. Convida a todos para a palestra. Depois, ainda sem cansaço, mata a saudade das areias das praias. Visita as gentes da beira-mar. Ganha coco e peixes pro jantar. – Aqui, nada me faltará! – relembra o tempo de filho de lavadeira e menino carente.
Maria prepara o peixe pro jantar, depois de apontar, no alto da mangueira, duas mangas que dará de presente a Irma. Fred se compromete de colhê-las, quando estiverem prontas para a desfruta. – “Que bom! Uma forma de lhe oferecer o fruto não proibido” – raciocina, com pretensiosidade.
“Doutor” Uílio relata ao Cônego, de forma torpe, o flagra que fez de Irma com Fred, como dois amantes. – Mentira! Confio na dignidade dos dois! – rechaça, irado.
Hora do jantar. Depois da peixada, o Cônego, cabisbaixo, desafia Fred para uma partida de xadrez. Peças no tabuleiro, mostra que a “dama” precisa ficar perto do seu “rei”, a fim de protegê-lo. Se ela se distancia ou se ausenta, o “rei” tem as forças diminuídas e o seu reino enfraquece. E se ela se entrega ao “rei” adversário, o seu reino desaba. Fred sequer desconfia do porquê desses lances...
O velho Nô observa a partida. – Vence sempre o mais forte! – diz aos durázios com quem conversa. – É a realidade da vida. Já não somos fortes em quase nada. Velhos fracos, acabrunhados, trocamos a alegria da juventude pela sisudez da decrepitude. Só não devemos é desprezar nossas “rainhas”!... Precisamos imaginá-las perto de nós. A metáfora, a ficção, o fantástico, devolvem a juventude e a alegria de nossas almas. – Aí, velho eletricista, entremostra o seu poetar, declamando versos que provocam faísca no íntimo dos convizinhos.
Um sentimento de felicidade cobre de luz as rugas uns dos outros. Todos dormirão revigorados, horas a fio. Fred até sonha com uma rainha de nome Irma.
_________________________________________________________________________
A seguir: partes IV a V
O “doutor” Uílio retorna ao aposento de Fred, que ainda dorme. Serelepe, retira do bolso do hóspede (ou paciente) a prescrição médica deixada pela doutora. Leva-a para uma... eventualidade. Leva também a caneta, gravada com o nome dela. Tem, agora, a carta na manga contra a candidata do Cônego para superintender a área de saúde da Casa. Nada obstante a aclamação unânime de Irma pela comunidade, o “doutor” Uílio ambiciona tão somente o seu cargo.
Entrara no projeto com esse objetivo. Uma questão de autoafirmação. Seu apelido precisa ser consagrado pela comunidade, “per omnia saecula”. Irma é uma inocente pedrinha no calo do seu chefe. – “Se ela renuncia, qual é o tolo que quer ser médico voluntário!?...” .
Irma liga para a secretaria e confirma sua presença, como palestrante, no encontro da sexta-feira (08/10/1993), às dezesseis horas. Quer falar para as famílias.
Fred se prontifica para a divulgação. Uma oportunidade de contatar velhos amigos.
Vai aos sindicatos. Abraça amigos, ferroviários e portuários. Convida a todos para a palestra. Depois, ainda sem cansaço, mata a saudade das areias das praias. Visita as gentes da beira-mar. Ganha coco e peixes pro jantar. – Aqui, nada me faltará! – relembra o tempo de filho de lavadeira e menino carente.
Maria prepara o peixe pro jantar, depois de apontar, no alto da mangueira, duas mangas que dará de presente a Irma. Fred se compromete de colhê-las, quando estiverem prontas para a desfruta. – “Que bom! Uma forma de lhe oferecer o fruto não proibido” – raciocina, com pretensiosidade.
“Doutor” Uílio relata ao Cônego, de forma torpe, o flagra que fez de Irma com Fred, como dois amantes. – Mentira! Confio na dignidade dos dois! – rechaça, irado.
Hora do jantar. Depois da peixada, o Cônego, cabisbaixo, desafia Fred para uma partida de xadrez. Peças no tabuleiro, mostra que a “dama” precisa ficar perto do seu “rei”, a fim de protegê-lo. Se ela se distancia ou se ausenta, o “rei” tem as forças diminuídas e o seu reino enfraquece. E se ela se entrega ao “rei” adversário, o seu reino desaba. Fred sequer desconfia do porquê desses lances...
O velho Nô observa a partida. – Vence sempre o mais forte! – diz aos durázios com quem conversa. – É a realidade da vida. Já não somos fortes em quase nada. Velhos fracos, acabrunhados, trocamos a alegria da juventude pela sisudez da decrepitude. Só não devemos é desprezar nossas “rainhas”!... Precisamos imaginá-las perto de nós. A metáfora, a ficção, o fantástico, devolvem a juventude e a alegria de nossas almas. – Aí, velho eletricista, entremostra o seu poetar, declamando versos que provocam faísca no íntimo dos convizinhos.
Um sentimento de felicidade cobre de luz as rugas uns dos outros. Todos dormirão revigorados, horas a fio. Fred até sonha com uma rainha de nome Irma.
_________________________________________________________________________
A seguir: partes IV a V