O Jantar Que Não Aconteceu
Eu a esperava ansioso.
Havia combinado um jantar em minha casa e cuidei para que tudo saísse perfeito. Queria impressioná-la e sou daqueles que entendo que uma corte tem que ser bem feita.
Preparei a mesa com todo carinho.
Coloquei uma toalha de linho vermelha com bordados de flores.
Dois castiçais com velas também vermelhas e um vinho no balde com gelo.
Conferi uma dezena de vezes. Pratos, talheres, guardanapos... Tudo em perfeita ordem.
Esperei.
Contava os minutos.
As horas passavam.
As velas derretiam.
O gelo dissolvido deixava o vinho esquentar e ela não chegava.
Mas eu sabia que ela queria ter vindo.
Eu sabia que ela queria tanto quanto eu estar ali comigo... Mas ela não veio. Eu queria tanto que ela tivesse vindo.
Talvez viesse amanha. Sim. Viria sim, com certeza.
Sentado no sofá pensando no amanhã adormeci.
Mesmo triste mantive minha esperança que ela não ia faltar mais uma vez.
Repeti o mesmo ritual de preparação para o jantar como no dia anterior.
A noite chegou e tudo estava arrumado. Tudo em seu devido lugar.
E até a espera foi a mesma.
Novamente ela não veio. Novamente dormi no sofá.
Quando acordei, fiquei ainda mais triste. Porém ia esperar ela chegar.
Passei o dia inteiro me sentindo vazio. Um imenso vazio que era como um buraco dentro de mim. Também não telefonei. Quando ela chegasse me explicaria o motivo de não ter vindo.
Ficava imaginando ela chegando, passando pela aquela porta, meu coração dando saltos quando ela viesse direta para meus braços. Isso me deixava mais ansioso.
Eu ia me tremer todo de cima até em baixo quando ela chegasse.
Sabia que seu perfume e sua beleza iam me envolver por completo.
Sabia que nossos beijos seriam os mais ardentes e apaixonados.
Renovei mais uma vez as velas, coloquei gelo no balde mais uma vez e ainda enfeitei a mesa com flores do campo.
E assim novamente fiquei esperando e novamente ela não apareceu, como também dormi no mesmo sofá enquanto a esperava.
Minha tristeza foi ainda maior ao acordar me dando conta que ela não havia aparecido como prometido.
Levantei-me e desfiz a mesa. Guardei o vinho na geladeira. As flores coloquei sobre a mesa da copa.
Fui até o quarto e a colcha azul turquesa continuava sem marcas dos nossos corpos. Não a retirei. Deixei-a lá intocável sobre a cama.
Meu dia havia se tornado de uma extrema angustia. Amava muito aquela mulher e não queria acreditar que ela estava me deixando.
Vaguei sem rumo pelas ruas como se quisesse me perder em mim mesmo, tal a desolação que sentia. Não recordo a hora que retornei a minha casa. Também isso não importava. Negava-me terminantemente a aceitar que ela não ia aparecer.
Dentro de mim meu coração relutava em acreditar que aquele amor tão completo havia se dissipado num nada sem o menor significado.
Em mim só havia desolação, tristeza e dor.
Não arrumaria mais a mesa para o combinado jantar. A razão já havia evaporado. Não existia mais motivo para que ele acontecesse.
Debrucei-me sobre mim mesmo cansado, esgotado com tanto sofrimento. Sentia-me sem direção. Uma dor de perda profunda feria-me até a alma.
E eis que de repente escuto uma voz por trás de mim.
Virei-me e ali estava aquela bela mulher a minha frente, sorridente, ensaiando uma explicação.
Emudeci. Minha voz se perdeu diante daquela sua adorável aparição.
Meu coração disparou como se recarregasse minhas baterias de amor. Não quis ouvir o que ela ia dizer. Ainda mudo pela surpresa, apenas levei meus dedos aos seus lábios.
Abracei-a com ternura por alguns segundos e depois, já refeito da surpresa, disse em seus ouvidos:
- Não importa por que não viestes todos estes dias. Sei que existiu um grande motivo. Não preparei nada para o jantar, mas se puderes esperar, poderei servi-la com algo especial.
Ela sorriu, Beijou de leve meus lábios e disse:
- Não é necessário. Leve-me para seu leito e me sirva de amor. É tudo de que preciso.
Carlos Neves.
Eu a esperava ansioso.
Havia combinado um jantar em minha casa e cuidei para que tudo saísse perfeito. Queria impressioná-la e sou daqueles que entendo que uma corte tem que ser bem feita.
Preparei a mesa com todo carinho.
Coloquei uma toalha de linho vermelha com bordados de flores.
Dois castiçais com velas também vermelhas e um vinho no balde com gelo.
Conferi uma dezena de vezes. Pratos, talheres, guardanapos... Tudo em perfeita ordem.
Esperei.
Contava os minutos.
As horas passavam.
As velas derretiam.
O gelo dissolvido deixava o vinho esquentar e ela não chegava.
Mas eu sabia que ela queria ter vindo.
Eu sabia que ela queria tanto quanto eu estar ali comigo... Mas ela não veio. Eu queria tanto que ela tivesse vindo.
Talvez viesse amanha. Sim. Viria sim, com certeza.
Sentado no sofá pensando no amanhã adormeci.
Mesmo triste mantive minha esperança que ela não ia faltar mais uma vez.
Repeti o mesmo ritual de preparação para o jantar como no dia anterior.
A noite chegou e tudo estava arrumado. Tudo em seu devido lugar.
E até a espera foi a mesma.
Novamente ela não veio. Novamente dormi no sofá.
Quando acordei, fiquei ainda mais triste. Porém ia esperar ela chegar.
Passei o dia inteiro me sentindo vazio. Um imenso vazio que era como um buraco dentro de mim. Também não telefonei. Quando ela chegasse me explicaria o motivo de não ter vindo.
Ficava imaginando ela chegando, passando pela aquela porta, meu coração dando saltos quando ela viesse direta para meus braços. Isso me deixava mais ansioso.
Eu ia me tremer todo de cima até em baixo quando ela chegasse.
Sabia que seu perfume e sua beleza iam me envolver por completo.
Sabia que nossos beijos seriam os mais ardentes e apaixonados.
Renovei mais uma vez as velas, coloquei gelo no balde mais uma vez e ainda enfeitei a mesa com flores do campo.
E assim novamente fiquei esperando e novamente ela não apareceu, como também dormi no mesmo sofá enquanto a esperava.
Minha tristeza foi ainda maior ao acordar me dando conta que ela não havia aparecido como prometido.
Levantei-me e desfiz a mesa. Guardei o vinho na geladeira. As flores coloquei sobre a mesa da copa.
Fui até o quarto e a colcha azul turquesa continuava sem marcas dos nossos corpos. Não a retirei. Deixei-a lá intocável sobre a cama.
Meu dia havia se tornado de uma extrema angustia. Amava muito aquela mulher e não queria acreditar que ela estava me deixando.
Vaguei sem rumo pelas ruas como se quisesse me perder em mim mesmo, tal a desolação que sentia. Não recordo a hora que retornei a minha casa. Também isso não importava. Negava-me terminantemente a aceitar que ela não ia aparecer.
Dentro de mim meu coração relutava em acreditar que aquele amor tão completo havia se dissipado num nada sem o menor significado.
Em mim só havia desolação, tristeza e dor.
Não arrumaria mais a mesa para o combinado jantar. A razão já havia evaporado. Não existia mais motivo para que ele acontecesse.
Debrucei-me sobre mim mesmo cansado, esgotado com tanto sofrimento. Sentia-me sem direção. Uma dor de perda profunda feria-me até a alma.
E eis que de repente escuto uma voz por trás de mim.
Virei-me e ali estava aquela bela mulher a minha frente, sorridente, ensaiando uma explicação.
Emudeci. Minha voz se perdeu diante daquela sua adorável aparição.
Meu coração disparou como se recarregasse minhas baterias de amor. Não quis ouvir o que ela ia dizer. Ainda mudo pela surpresa, apenas levei meus dedos aos seus lábios.
Abracei-a com ternura por alguns segundos e depois, já refeito da surpresa, disse em seus ouvidos:
- Não importa por que não viestes todos estes dias. Sei que existiu um grande motivo. Não preparei nada para o jantar, mas se puderes esperar, poderei servi-la com algo especial.
Ela sorriu, Beijou de leve meus lábios e disse:
- Não é necessário. Leve-me para seu leito e me sirva de amor. É tudo de que preciso.
Carlos Neves.