"Lucilla e Jose Geraldo"

Na escola, D. Pedro I, tinha futebol de salão. O time da quarta, contra o time da sexta série. José Geraldo, era do time da quarta. Lucilla fanática torcedora , do time da sexta, que cursava. Os dois eram colegas de estudo, mas na quadra, viravam feras. J. G. nasceu para jogar, parece, que dormia com a bola, fazia dela o que queria. O adversário, mesmo sendo experiente, todos eram bons, o que fazia a diferença era J. G. Quando todos o marcavam, seus colegas faziam gol. Quando dividiam a marcação, "o meteoro", como era chamado, passava como um a bola e fatalmente era gol. Lucilla xingava, esbravejava, dava banana, mostrava a lingua. Tanto fazia que a coisa ficou particular, entre os dois. Todos riam de ver a briga de ambos, este é para você e, gol. Quando ele errava, embora que raramente, ela gritava, :- viu papudo? Ninguém sabia, ou se sabia era cúmplice, que após a aula, ou o jogo, longe da quadra e da escola, os dois se encontravam. A primeira vez foi no cemitério, acidental, um amigo da família havia falecido, foram representar. Lógico, levaram um susto e acabaram se falando. Do tempo, da escola e ele acabou confessando certa dificuldade, em certa matéria, ao que ela disse que, poderia ajudá-lo. Porém na biblioteca, impossível. Aí começa o estranho relacionamento. Após, tirar suas dúvidas, ela não tinha o que fazer com as horas ociosas, ele idem. Na quadra continuavam se insultando, e depois se desculpando. Um dia, ela deu um tapa no braço dele, se defendendo a abraçou e nunca se viu tanto amor. Todo aquele rancor, não passava de amor disfarçado, admiração, pela beleza que um via no outro. Acho que nem a mãe deles os conhecia tão bem. Ficavam horas se examinando, se acarinhando, depois mais uma hora se despedindo. O encontro deles era diário. Foram flagrados por amigos, que por gostarem demais, fingiam que acreditavam quando um falava mal do outro. No final do ano, J.G. estava estranho, cara de poucos amigos. No começo do jogo foi bem, para um camarada normal, não para ele.

Lucilla parou de vaiar, gritou quando ele pós as mãos na cabeça, deu mais uns passos e desmaiou. Em desespero, ela saltou a cerca de arrimo, e antes de qualquer socorro, já estava com ele no colo. A maioria dos torcedores, que nada sabia, ainda o vaiava. Foi difícil aos enfermeiros, conseguir separá-los e levá-lo ao hospital. Segundo o médico, o tumor, se alojara no cérebro, já fora extirpado, porém haveria sequelas. Foi visitá-lo no hospital todos os dias. Ele pediu para conversar. :- Pode falar amor. - Olha eu quero que você saiba, que meu pai vai ajudar em tudo que puder, para que você melhore. O pai dela era um pequeno comerciante. ele...Pobre demais. -Não Lucilla, o problema é outro, nestes dias, estive pensando e cheguei a conclusão que foi bom sim, foi ótimo, mas passou, eu olho para você e não sinto nada, estamos perdendo tempo juntos. Ela quis falar, ele completou, tenho outra pessoa. Rica, tem muitas posses, acho que é com ela que quero me casar. - Você está mentindo, pensa que vou abandoná-lo? Debora, entre por favor. :- Esta é Debora, eu a conheço a certo tempo, queria te falar, mas você não deixava. Lucilla falou:- Boa sorte aos dois e saiu. Se olhasse para trás veria J.G. se desmanchando em lágrimas. Muito obrigado Debora, de outra forma ela não entenderia, ia estragar sua vida. Do lado de fora do quarto, Lucilla chorava. Débora, se aproximou e falou, :- Você não acreditou não é? Ele nunca mentiu, não faria isto com ninguém. Mas respeito e ficarei à distância. A enfermeira também era cúmplice, acho que todos no hospital, na cidade, todos solidários. J.G. pede para chamar Lucilla. Ele piorou muito, pediu para vê-la mais uma vez. Ela entrou na hora. :- Veio rápido, eu não tinha ido embora. Por isso sentia seu perfume. Sim quando dormia eu entrava para ver como você estava. Vou morrer Lucilla. Todos vamos, mas alguns antes, pois morrem de medo. Pelo jeito você quer brigar? Sim quero desafiar o grande J.G. Pois se prepare mocinha, vou operar outra vez, vou sarar, e você vai pagar sua lingua, vai ter que me aturar pelo resto de meus dias. Por um milagre da natureza chamado amor. Cupido, os anjos em geral, intercederam e um ano após, parecendo festa eleitoral. a pequena cidade assistiu a J.G. recuperado , de cabeça raspada, se casoui com Lucilla, a coisa não parou por aí, parece, que tem novidades. Acho que não aguentaram esperar o casamento. Mas eles já eram casados, só faltava formalizar.

Esta história despretensiosa, na verdade, não o é. Muita gente desiste, no primeiro obstáculo, perde por W.O. Nem sequer lutam, simplesmente se entregam a derrota, Um cadinho de otimismo, não faz mal a ninguém. Seja feliz e faça alguém feliz. Os problemas que surgirem e com certeza virão. Contorne-os ou resolvá-os com calma. Mas não arrede pé de seu objetivo. Várias lutas minhas ganhei facilmente. No começo pareciam terríveis, não eram.

Boa sorte e seja feliz.

Oripêmachado.

Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 23/10/2011
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