Os Comodos da Casa
Choveu ainda há pouco lá fora. A Casa permanece intacta , mas a agua borra as figuras do retrato, imagens apagadas , decorando o medo.
Convoco-lhe para um passeio na vida, de expresso.
(Volte pra casa)
A maria-fumaça avança entre a neblina, os rostos borrados ganham eloquência, desfocados nas ausências próprias da saudade, a gente mora um pouco mais dentro da gente.
Construi casas pela metade, edifiquei minhas razões, os passaros pousam sobre o telhado e eu vejo as paredes em paz.
No quarto há uma janela de frente para a vida,
Na porta bem vindo para o futuro
Mesa, e cozinha, preparando com amor tantos sonhos...
O Prato principal há de ser cozido, um aroma de sabor doce passeia pela casa, desfilando alegrias , todas que já vieram, e todas que virão.
(Volte para casa)
Na sala de estar existe a saudade, pendurada na parede perto da estante , onde as imagens são transmitidas pelas lembranças , sem tela, nem troca de canais.
O Amanhecer quando invade a sala, respira o ar que sai da tua boca, um vaso com flores violetas enfeitando os sorrisos que circulam pelo ar.
( Saudade... volta pra casa)
O Banheiro reflete no espelho os motivos que a eternidade nos dá, a toalha recém pendurada atrás da porta, molhada, jogada as distinções dos olhares cruzados na cena.
Eu sou a tua casa, todo o resto é telhado e parede, me enfeita, ajeita... faça a teu gosto, hoje eu espero sorrindo, que bata a porte e entre.
É a Saudade que te busca sorrindo,
mas hoje sussura aos pés da cama...
Volta pra casa.