O correio eletrônico, o poetae a poetisa

Da fresta da antiga janelinha meus olhos encontram o escuro da madrugada.

Olho as horas, inquieto-me, está tão calmo nenhum assovio, o cãozinho respira profundamente rosnando provalmente sonhando com algum gatinho travesso.

As batidas ao longe do clube da pracinha chegam aos meus ouvidos minutos mais tarde, penso; ainda há vidas noturnas na cidade, olho a tela do meu computador nenhum contato presente me sinto tão solitária! Vasculho sites em que tenho cadastro não encontro ninguém online, também pudera, fim de noite de um sábado qualquer quem iria estar logado na rede!

Abro minha caixa de messagem eletrônica e vejo alguns E-mails indesejosos; propagandas, convites, pessoas desocupadas lotam minha caixa de entrada com lixo eletrônico.

O sono não vem mas devo ir descansar, já prestes a ir me recolher ouço o barulhinho alertando nova mensagem recebida por e-mail, desencorajadamente abro o navegador e busco por meu correio eletrônico.

Não levo mais que um segundo para sentir o sorriso estampando em meu rosto, as pernas tremem, volto a olhar o remetente; o mesmo de todos os dias, aquele friosinho no estômago me toma por inteira recuo a abrir a mensagem isso é loucura, eu não posso ter estes sentimentos são apenas poesias, alguma letras e dois personargens aprendendo o segredo de sonhar. E la está ele escrevendo-me, ainda não vi o teu rosto nem por fotografia, não ouvi a tua voz nem mesmo ao telefone, somos apenas eu e ele, nossos computadores e as poesias que nos une.

Quem será o tão sábio escritor das belas poesias que tanto me encantam, de onde vens, para onde vais?

Será que sonha como eu, que ama como eu, que sente tão profundamente o amor queimando a pele como eu sinto!

Que sangra de desejo como minha pele arde com ânsia por um toque teu!

Como posso querer-te se nem ao menos pude ver-te!

como posso desejar-te possuir-me, ter-me, usurfluir-me, usurfluir-te, sem ao menos ter sentido cheiro teu!

A noite vai findando, breve o sol cobrirá com teu manto a escura noite e os primeiros raiozinhos se adentrarão a minha janela. Tenho de ir dormir mas não consigo, noutrora pegara ao sono e sonharas com o poeta das belas poesias, poeta que desconheço os desejos, os sonhos, os anseios, serás ele tão belo poeta quão tão lindas tuas poesias!

E como dito, mais uma noite de um fim de sábado qualquer se deitou ao véu da escuridão, o sol nos banhou na manhã seguinte e eu aqui não tão mais solitária, esta noite tive a companhia do poeta das belas poesias mesmo que diante a fria tela do meu computador me fez companhia, esta noite eu não sonhei sozinha.

PETALA SOLITARIA
Enviado por PETALA SOLITARIA em 16/10/2011
Reeditado em 26/10/2011
Código do texto: T3279458