EU NUNCA ME APAIXONAREI

Da minha cama ouço as gotinhas de chuva

caindo la fora

o velho balançar de um galho de árvore

que insiste em bater em minha janela.

Abro os olhos vagarosamente e vislumbro ao chão

teu lenço ainda molhado de lágrimas.

Não me lembro quando te mandei ir embora

ouvi a porta bater e você corria escada abaixo

teu rosto marcado pela a dor.

você me embriagava com teu prazer

o frio da madrugada enrugava tua pele

eu lhe aquecia carinhosamente com minhas caricias.

Mas, você era apenas mais um que passava pela minha vida.

Me viro na cama

fecho os olhos, não quero mais me lembrar

pego no sono e ouço sua voz pedindo:

por favor, não me mate, não me mate,

eu não sei mais viver sem você.

E na minha crueldade eu dizia hostilmente:

vá embora, só queria teu prazer

avisei que eu não me apaixonaria

você sabia, você sempre soube

eu nunca me apaixonarei.

Entre soluços e lágrimas

te vi sair e fechar a porta.

Eu nem disse adeus.

Mais uma noite sem você.

Hoje foi mais uma noite sem você

dormirei sozinha mais uma noite.

Eu aprendi.

Finalmente aprendi.

E como lhe disse:

eu não me apaixono, mas eu...

Eu amo.

Eu amo você.

Quando você chegava atrasado

eu brigava, gritava

mas eu não sabia que um dia

eu sentiria falta dos teus atrasos

porque um dia você não mais se atrasaria

você simplesmente não mais viria.

Me lembro das vezes que deitados na cama

você docilmente olhava a chuva caindo la fora e dizia:

queria dançar na chuva contigo esta noite

dançar na chuva contigo

e secar as gotas de chuvas que molhar o teu corpo.

Então voce sorria

e naquele momento, eu era o teu mundo.

Mas...

Mas você se foi.

Eu não era o teu mundo,

Tu eras o meu mundo.

Você se foi e levou meu mundo inteirinho.

No dia do teu casamento eu estava la

você não me viu

me sentei naquele banquinho onde nos conhecemos

ao lado da igreja na pracinha principal

me lembrei de lhe ver lindo olhando em meus olhos

olhar este que não mais me pertence.

Eu quis gritar, implorar, por favor

não me mate, não me mate

eu não sei mais viver sem você.

Mas as palavras não mais me trariam você

Fui cruel, covarde, insana, você não me merecia

Voce merecia alguém melhor que eu

e você encontrou.

Ainda guardo as lágrimas que banharam

o teu rosto

enquanto eu te mandava ir embora

e você as secava com este lenço

este que tenho entre as mãos com o teu cheiro.

Ainda me sento no mesmo banquinho da praça principal

espero em vão por tua chegada.

E como eu lhe disse: eu nunca me apaixonarei

Pois aprendi a te amar

e eternamente te amarei...

PETALA SOLITARIA
Enviado por PETALA SOLITARIA em 16/10/2011
Reeditado em 22/10/2011
Código do texto: T3279334