O Saber
Aqueles cabelos cor de cobre, os olhos de um verde amarelado e a pele alva com um leve tom rosado.
A junção era perfeita, cada uma fazendo o encaixe minimalista sobre o ser, transformando-o em peça rara no tabuleiro de xadrez.
Complexo e pensativo, difícil de entender, porém divertido, para poucos.
Assim que era sua definição, poucos entenderiam e mais poucos ainda iriam simpatizar e gostar, mas para ela era como se todas aquelas dificuldades fossem um grande desafio tentador.
Eles já se encaravam por longos minutos em silêncio, mas de certa forma era excitante imaginar o que o outro estaria pensando, ele mais sério que ela, como de costume.
-Então, qual é o iso-spin em uma dimensão da partícula Pi-zero-Méson?
Os olhos dele brilhavam enquanto ele encarava as reações dela, a feição se modificando de pensativa para explosiva.
-Não acho que...
Antes que pudesse concluir qualquer coisa, ele ergueu a mão no ar.
-Sem desculpas!!!
Os olhos fuzilavam-no, não por não saber a resposta, mas porque sabia que ele iria ganhar aquele jogo, e se tinha uma coisa que ela odiava, era perder, seu espírito competidor detestava ter que dar o braço a torcer.
-Ok... eu não sei a resposta.
Ela mordiscou os lábios, deixando-os basicamente sem cor, mas controlou todo o resto dos nervos, não iria dar o gosto de mostrar mais do que aquilo.
O rosto dele se tornou triunfante, o sorriso sínico cobriu seus lábios, estava realizado.
-Ok, podemos fazer outra coisa agora, por favor?
Revirando os olhos ele a puxou para mais perto, a abraçando, mesmo ela mantendo os braços cruzados e virando a cara, desgostosa.
-Qual é? Só por que não sabe uma respostinha boba?
Falando isso, inclinou a cabeça na direção do pescoço dela e deu um beijo estalado que a arrepiou completamente.
-Não é uma respostinha boba!
Ela ainda se mantinha emburrada, embora ele tentasse ser gentil, mas logo desistiu, largando-a.
-Pois bem.
Virou as costas e foi se sentar ao longe.
Os olhos se direcionaram para ele rapidamente, sabia que agora seria difícil reconquistá-lo, e seguindo a passos lentos, foi até onde estava.
-Pois bem, então me explique à teoria das cordas.
Sentando-se ao seu lado, viu os olhos dele brilhar e então começou um longo monólogo explicando como tudo surgira até o ponto em que estava sendo estudado.
Essa era a real razão por amá-lo tanto, o que o diferenciava tanto, ele era apaixonado pelo saber, e isso para ela, era inacreditavelmente lindo.
Às vezes nos prendemos a detalhes fúteis como beleza ou dinheiro, mas esquecemos da real diversão, que é nada mais, nada menos do que a curiosidade.