“A VIDA DE SANTA RITA DE CÁSSIA”
Cap. III
MORTE DO ESPOSO
Rita tomou todas as providências para um sepultamento digno para seu marido.
Praticou, ainda, o supremo ato de perdoar os seus assassinos.
Refeita da primeira dor causada pela morte do marido, a piedosa mulher concentrou toda sua atenção e solicitude em seus dois filhos.
A mãe atenta percebia que os dois jovens apresentavam sintomas de desejos de vingança.
Quando se viu em tal situação, ela tomou uma resolução heróica e pediu a Jesus Crucificado que levasse os seus filhos inocentes, se fosse humanamente impossível evitar que se tornassem criminosos.
Um após outro, caíram doentes os meninos e Rita os tratou com o máximo cuidado, velando para que nada lhes faltasse, procurando todos os remédios necessários para lhes conservar a vida. Sabia que era seu dever socorrê-los e queria cumprir generosamente esse dever.
Os meninos morreram, com pequeno intervalo, um após o outro, cerca de um ano depois da morte de seu pai.
Rita depositou os corpos de seus filhos ao lado de seu marido e ficou só no mundo; só, mas com seu Deus.
EM BUSCA DO ANTIGO SONHO
Desligada dos laços do matrimônio e dos cuidados maternais pela morte do esposo e filhos, Rita passou a se dedicar com afinco à prática das virtudes, às obras de caridade e à oração.
A caridade para com o próximo era inesgotável. Não se contentando em dar o que tinha, trabalhava com suas próprias mãos para poder dar mais. Tudo isto, porém, não bastava para aquela alma inflamada pelo amor divino. Quando ia à cidade, ao passar diante das portas dos mosteiros onde teria podido servir a Deus com todas as suas forças, parecia-lhe que uma força interior e poderosa a atraía.
Rita encorajou-se e resolveu fazer uma tentativa. Bateu à porta do convento das agostinianas de Santa Maria Madalena, às quais ela tinha profunda admiração pela devoção que tinha a Santo Agostinho e por ter sido Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, seu modelo nos diversos estados de vida e tão parecida com ela no sofrimento.
Expôs à superiora do convento o seu ardente desejo.
Seu aspecto humilde e piedoso causou excelente impressão na religiosa; mas o convento, que somente recebia jovens solteiras, jamais havia aberto suas portas a uma viúva, e a pobre mulher se viu rejeitada.
Imaginem em que estado de alma Rita voltou a Roccaporena.
Voltou às suas orações e boas obras e, tendo retomado a confiança, voltou ainda por duas vezes à porta do mosteiro de Santa Maria Madalena, sofrendo duas novas rejeições.
Rita se abandonou à vontade de Deus, recomendando-se mais do que nunca a seus santos protetores.
Quando Deus a viu perfeitamente resignada e confiante, teve compaixão dela e, uma noite, quando estava em oração, ouviu chamar:
-"Rita! Rita!".
Ela não viu ninguém e, pensando ter se enganado, voltou às suas orações.
Mas, pouco depois, ouviu novamente:
-"Rita! Rita!".
(continua na próxima semana)
Dia 22 de agosto> Dia do Escritor Louveirense.