Irmã Dorotéa após passar anos no convento, conseguiu uma licença para gozar uns dias na casa de seus pais.
Ao lá chegar os encontra adoentados,mas muito felizes de a ter em casa.
Eles ainda não haviam se conformado com o término daquele noivado dela com Julião, um enfermeiro da cidadezinha e com a decisão de abandonar a vida comum.
Nem tampouco Dorotéa, que apenas entrou no convento para se esconder do mundo , quando soube que ele havia namorado, ao mesmo tempo, por umas semanas, uma prima sua.
Aquilo foi para ela, mocinha então, inaceitável. Não condizia com sua formação pois acreditava no seu amor. Mas, reconhecia-se fraca!
Lá no convento sentia-se protegida e nunca cairia em outra cilada,pensava.
Porém a vida dá voltas e naquela noite, Julião aparece por lá, para aplicar a insulina no seu pai. Quando se viram, tremeram nas bases.
Foi indisfarçável...
E ele aproveitando-se de um momento à sós, lhe dá um beijo e pede que ela abandone as vestes pois sempre foi seu amor...
Naquela noite ela mal pregou os olhos...
Cedinho na manhã seguinte, sabia que sua estada ali, seria encurtada. Não queria ficar perto dele.
Após uns dias, já de volta ao convento, recebe um pacote. Dentro, um anel e um bilhete.
Te espero.Sei que vais voltar um dia!
Era fim de inverno!
Ela ali não sentia mais vontade de ficar e as irmãs notavam seu desânimo e desprazer.
Até que teve coragem e abriu o coração.Todas ficaram pasmas, mas os olhinhos brilhando de emoção.
-Então? Vais aceitar casar com ele?
Vendo a aprovação, tomaram as providências todas e , num dia, início da primavera, sai dali, despedindo-se das freirinhas amigas.
Quando passa pelo portão de seus pais, vê as flores todas já lhe esperando...
Batia o sol, havia um perfume no ar...
Era a primavera instalada também no seu coração.
Agora sabia que estava certa em sua decisão.O brilho por lá lhe falava alto...
Naquela primavera ainda, se casaram e estão felizes há dezoito outras primaveras...