A você, adeus.

A você, Adeus Uma bela tarde, com a tênue luz do sol, e as nuvens já chamando o negrume do anoitecer. Põe a mochila nas costas, calça os sapatos sem demora; ainda haverão outras horas. O casaco sobrepondo a mente fragilizada, inerte em sua própria forma de auto-desprezo. “Enlaça os dedos e vai; a despedida chama; o mendigo canta: “...e ai se vai, e ai se foi, um dia volta, eu sei que volta.". E talvez sim. Chega a porta, e olha canto-a-canto. não a vê, por onde anda? Não se sabe, mas vai ao léu com sua busca.

Nas ruelas da cidade, procura nos becos e vielas mais impróprios; passa pelo "Amigas", entrecruza nas "aventuras", desce e a esquerda passa pelas "Ilusões", mas só quando chega ao "Tudo" avista sua beleza. Incólume, ocupada em demasia com a multidão de outros quais queres, sem seriedade naquele segundo, nem preocupação no minuto.

Pensou consigo quantas vezes a viela "tudo" poderia realmente ser. Pensou nos “ses”, se tivesse aceitado, se tivesse feito, se ao acaso tivessem se visto, mas não, a única probabilidade é a de ser pior do que um dia já fora. Naquele espaço avista as horas, e a maria-fumaça na estação já apita. Um adeus não demoraria tanto assim, e aquela merecia isso, caso contrario o coração não desatinaria. Propôs em monologo suas falas, criou os detalhes marcantes do tempo, pra onde iria não haveria volta fácil, e quando pôs-se em passos até ela, a distância como faca não diminuía, mas sim aumentava e cortava. Não chegava nunca, e colocou-se a correr como quem foge do ceifo da morte, mas foi em vão, o "tudo" foi se tornando negro a ponto de não haver mais luz alguma raiando. E de súbito abriu os olhos. Aquele não era onde deveria estar. Mente traiçoeira. Viu uma cena, a “suazinha” em "Tudo" indo embora, com outro qualquer, ou era isso o que imaginava ver.

Lembrou-se então, e tudo era claro e lá estava ele em passos novamente. Ela virou-se, e como um gesto defensivo, ele acenou em forma de adeus. Olhando-o com ternura nos olhos, virou-se e de braços laçados com a sombra que via, foi-se embora. Um adeus não precisa ser correspondido, pensou, do contrario é um convite para voltar. Levantou-se de sua queda e foi até a estação. Na cabine de sua maria-fumaça, recostou os ombros na poltrona. No dia onde a “Tudo” o levará como nada, não restava mais nada para se fazer senão dormir por um tempo, até quando todo aquele pesadelo, sem pressa de ir antes de remoer, se desfez de sua mente. Abriu os olhos quando chegou ao seu destino, à cidade de "Tudo continua", e achou daquele nome uma terrível ambigüidade para o seu futuro.

Leo Zapparoli
Enviado por Leo Zapparoli em 21/09/2011
Código do texto: T3232473
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