ALCOOLISMO APAIXONANTE
Já era a terceira vez que se encontravam e conversavam por mais de meia hora.
O trabalho acabava, fim do expediente e princípio do descanso. Deveria ir para casa, trocar a roupa, tomar um banho, preparar aquele chimarrão pra lá de especial, sentar na sacada com Akon ou Beyoncé de fundo musical e ficar olhando o povo passar, caminhar na calçada, dirigir seus automóveis, pedalar e correr buscando o corpo ideal.
Já era quarta-feira e ainda não fizera esse ritual naquela semana. Segunda, o pessoal lhe convidara para uma cervejinha depois do trabalho. Estavam o Pedro, Joaquim, Francisco e a namorada Joara, a Rita, a Carla. Tanta gente que não recordava direito quantos eram no princípio. Mas que Janaína estivera desde o primeiro minuto lá no bar, isso não esquecia. Uma semana que começava bem.
Terça geralmente era um dia desgastante. Atribuía isso a segunda ser o primeiro da semana e trabalhar com todo o gás, ficando com pouco dele para o seguinte. E também porque ainda faltava muito tempo para que o final de semana retornasse. Completando o dilema, alguns problemas no trabalho com uma documentação que faltara ser enviada e a consequente multa. Um dia daqueles! Não fosse o encontro com Janaína após as 18 horas. Não, não era só com ela, havia o Pedro, o Joaquim, o Francisco com outra namorada, a Joara e a Rita, como no dia anterior. Replay. Mas a turma recolheu-se mais cedo. Algumas poucas garrafas entornadas já selaram o final do happy hour.
Janaína não acompanhou a debanda geral e ficou. Ela ficou. Sim, a moça que tinha lábios carnudos e um olhar penetrante lá permanecera. Possuía um olhar de Capitu, de ressaca, que inebria, envolve, fazendo-lhe concentrar-se naqueles glóbulos castanhos, meio marrom-claro.
Sonhou naquela noite com Janaína. Era uma história inocente. Acordou com ares de 15 anos, feliz por seu subconsciente ter pensado nela. Um daqueles momentos que a alegria invade o coração em busca do primeiro amor. Mas não tinha 15 anos, talvez duas idades dessas, passara por muitos amores e não procurava nenhum. Não procurava, mas possivelmente encontrara.
Já na quarta-feira ninguém aceitou a proposta para a cervejinha. Vamos te levar pro AA, hein? O Joaquim estranhou esse seu súbito alcoolismo, posto ser sempre uma pessoa muito contida com relação ao álcool. Bateu aquele desespero. Desejo pelo lúpulo e pela cevada? Que nada, sabia que seu álcool viciante tinha nome, sobrenome, 1,72m, olhos, boca, ouvidos e um papo muito legal.
Disse para Janaína que a Rita e o Joaquim já haviam confirmado a presença e ela aceitou o convite. Na certa ela não os indagaria para certificar-se da informação. E iria. Isso importava.
Foram conversando até o bar. Engraçado, ninguém apareceu... É... respondeu a ela, hesitante, meio sem jeito. Ela perceberia a sua trapaça. E as suas intenções. Mas a conversa progrediu de tal maneira que o detalhe da falta dos colegas foi esquecido. Temporariamente.
Estranho, a gente conversa e acaba esquecendo de comer. Sua cerveja já esquentou. Olhou para o copo e notou a mão trêmula. O que Janaína estava fazendo com a sua mente? Como podia mexer tanto com seus sentimentos?
Ela interrompeu os seus devaneios e falou mas me diga... parou um pouco para respirar e completou você convidou mesmo o Joaquim, hoje?
Nunca precisou de muita coisa para sentir o rosto queimar, as orelhas ferverem e a garganta apertar. E aquela sinuca de bico estava fazendo sentir-se assim. Fitou novamente o copo meio cheio, meio vazio, meio quente, meio tremendo e falou que não convidara, com vergonha pelo delito cometido.
Certamente agora ela sentia traída a sua confiança.
Silêncio...
A moça dos olhos cor da terra lhe encarava. Batia com o indicador na mesa. E mais silêncio.
Eu sabia, falou Janaína.
Levantou os olhos e o peso da culpa evaporou. Encarou o olhar dela, sem acreditar. Comentei com o Joaquim logo após você ter me convidado e ele falou que já havia lhe dito que não viria.
Então, por que você veio?
Pelo mesmo motivo que VOCÊ veio.
Melhor era não ter feito a pergunta. Engoliu em seco as palavras objetivas (até demais) daquela Capitu a sua frente. E a ressaca puxou-lhe novamente ao seu inebriante mundo maravilhoso e continuaram a conversar.
Evoluíram vertiginosamente naquela quarta da conversa no bar para a casa dela, então à abertura de um espumante, a sussurros ao pé do ouvido, a beijos apaixonados e ao quarto dela, fazendo-a sentir-se igual à manhã do dia anterior, com 15 anos.
Já era a terceira vez que se encontravam e conversavam por mais de meia hora.
O trabalho acabava, fim do expediente e princípio do descanso. Deveria ir para casa, trocar a roupa, tomar um banho, preparar aquele chimarrão pra lá de especial, sentar na sacada com Akon ou Beyoncé de fundo musical e ficar olhando o povo passar, caminhar na calçada, dirigir seus automóveis, pedalar e correr buscando o corpo ideal.
Já era quarta-feira e ainda não fizera esse ritual naquela semana. Segunda, o pessoal lhe convidara para uma cervejinha depois do trabalho. Estavam o Pedro, Joaquim, Francisco e a namorada Joara, a Rita, a Carla. Tanta gente que não recordava direito quantos eram no princípio. Mas que Janaína estivera desde o primeiro minuto lá no bar, isso não esquecia. Uma semana que começava bem.
Terça geralmente era um dia desgastante. Atribuía isso a segunda ser o primeiro da semana e trabalhar com todo o gás, ficando com pouco dele para o seguinte. E também porque ainda faltava muito tempo para que o final de semana retornasse. Completando o dilema, alguns problemas no trabalho com uma documentação que faltara ser enviada e a consequente multa. Um dia daqueles! Não fosse o encontro com Janaína após as 18 horas. Não, não era só com ela, havia o Pedro, o Joaquim, o Francisco com outra namorada, a Joara e a Rita, como no dia anterior. Replay. Mas a turma recolheu-se mais cedo. Algumas poucas garrafas entornadas já selaram o final do happy hour.
Janaína não acompanhou a debanda geral e ficou. Ela ficou. Sim, a moça que tinha lábios carnudos e um olhar penetrante lá permanecera. Possuía um olhar de Capitu, de ressaca, que inebria, envolve, fazendo-lhe concentrar-se naqueles glóbulos castanhos, meio marrom-claro.
Sonhou naquela noite com Janaína. Era uma história inocente. Acordou com ares de 15 anos, feliz por seu subconsciente ter pensado nela. Um daqueles momentos que a alegria invade o coração em busca do primeiro amor. Mas não tinha 15 anos, talvez duas idades dessas, passara por muitos amores e não procurava nenhum. Não procurava, mas possivelmente encontrara.
Já na quarta-feira ninguém aceitou a proposta para a cervejinha. Vamos te levar pro AA, hein? O Joaquim estranhou esse seu súbito alcoolismo, posto ser sempre uma pessoa muito contida com relação ao álcool. Bateu aquele desespero. Desejo pelo lúpulo e pela cevada? Que nada, sabia que seu álcool viciante tinha nome, sobrenome, 1,72m, olhos, boca, ouvidos e um papo muito legal.
Disse para Janaína que a Rita e o Joaquim já haviam confirmado a presença e ela aceitou o convite. Na certa ela não os indagaria para certificar-se da informação. E iria. Isso importava.
Foram conversando até o bar. Engraçado, ninguém apareceu... É... respondeu a ela, hesitante, meio sem jeito. Ela perceberia a sua trapaça. E as suas intenções. Mas a conversa progrediu de tal maneira que o detalhe da falta dos colegas foi esquecido. Temporariamente.
Estranho, a gente conversa e acaba esquecendo de comer. Sua cerveja já esquentou. Olhou para o copo e notou a mão trêmula. O que Janaína estava fazendo com a sua mente? Como podia mexer tanto com seus sentimentos?
Ela interrompeu os seus devaneios e falou mas me diga... parou um pouco para respirar e completou você convidou mesmo o Joaquim, hoje?
Nunca precisou de muita coisa para sentir o rosto queimar, as orelhas ferverem e a garganta apertar. E aquela sinuca de bico estava fazendo sentir-se assim. Fitou novamente o copo meio cheio, meio vazio, meio quente, meio tremendo e falou que não convidara, com vergonha pelo delito cometido.
Certamente agora ela sentia traída a sua confiança.
Silêncio...
A moça dos olhos cor da terra lhe encarava. Batia com o indicador na mesa. E mais silêncio.
Eu sabia, falou Janaína.
Levantou os olhos e o peso da culpa evaporou. Encarou o olhar dela, sem acreditar. Comentei com o Joaquim logo após você ter me convidado e ele falou que já havia lhe dito que não viria.
Então, por que você veio?
Pelo mesmo motivo que VOCÊ veio.
Melhor era não ter feito a pergunta. Engoliu em seco as palavras objetivas (até demais) daquela Capitu a sua frente. E a ressaca puxou-lhe novamente ao seu inebriante mundo maravilhoso e continuaram a conversar.
Evoluíram vertiginosamente naquela quarta da conversa no bar para a casa dela, então à abertura de um espumante, a sussurros ao pé do ouvido, a beijos apaixonados e ao quarto dela, fazendo-a sentir-se igual à manhã do dia anterior, com 15 anos.