Cálice de Pétalas

É como uma manhã comum, acordamos com os raios do sol batendo em nossos rostos, sentindo o cheiro da chuva que tinha molhado a terra, correr para a janela vendo as flores desabrocharem. É primavera . Correr para fora e se deitar na grama, olhar para o céu azul e ver as árvores retomando sua esplêndida cor verde, mas ter apenas uma surpresa: Aquela roseira, velha e virgem, que nunca teria nada saído dela a não ser espinhos, ganhou uma rosa, cuja beleza era o que a fazia ser diferente de todas as outras flores do jardim.

Passam-se os dias e nota-se que a cada dia essa rosa se faz mais bela, iluminando com sua cor avermelhada à luz da lua, junta-se às estrelas e fazem a noite mais bela com um perfume delicado que traz tranquilidade a vida . Mas como todas as flores, chegou a hora da primeira pétala cair, e para conservar tal doçura inconfundível, se colocou um cálice abaixo dessa rosa, fazendo suas pétalas serem conservadas por mais tempo. A cada dia aquela arte da natureza ia desfazendo-se pouco a pouco, prolongando o sofrimento de quem a admirava com tal fascínio . A cada vinte e quatro horas era colhida pelo cálice uma pétala, que deixava de viver em sua nascente para ter outro rumo . Como esperado,o dia da ultima pétala cair chegou, então ela caiu, mas se foi rasgando uma lágrima do rosto de quem a admirava, caiu como uma gota de chuva, tirou a vida daquela roseira do mesmo jeito que se tira a alegria de um coração . O tempo se passou, as pétalas murcharam e aquela roseira jamais teve outra rosa, continuou a ser como era antes daquela prima-vera, o rosto de quem a admirava foi formando uma expressão diferente da que era antes .

Os anos se foram e aquela linda planta também . Se foi de um modo calmo e doloroso, frio e quente, deixando nada, apenas uma pessoa sozinha, rasgando o coração dela do mesmo modo que a rosa fez, só que com apenas pouca diferença: O perfume da flor ficou marcado no cálice, e as pétalas foram desfazendo a rosa do mesmo jeito que o amor de quem a admirava fez .