Amor em Meio à Tempestade de Areia

De repente, a tempestade de areia... Surpreendo-me!

Protejo-me por debaixo da roupa; cobrindo o rosto com intenção de melhorar a visão turva, enquanto o vento me cercava por alguns minutos que pareceram horas intermináveis.

Cheguei à terra dos deuses egípcios em busca de minha amada que me abandonou no altar. Abandonou-me por ter sido obrigada a desaparecer de minha vida; meu pai não a aceitou, por ser ela, pobre, entretanto, o que importa ser pobre, ou rico, quando o amor é mais valioso a o status, e o poder.

Sei que ela me ama. Eu sinto...

Sinto seu sussurro em meu ouvido, e sua mão invisível tocando o meu coração, que pulsa e almeja por sua presença. Ela é única... É especial... Não posso perdê-la. Preciso dela. Ela é a minha vida; minha alma gêmea...

Ouço o gemido do vento e a areia tenta penetrar em meu corpo, mas sou forte; sou resistente. Tudo em nome do amor por aquela mulher, que fora forçada a me abandonar. Abandonarei minha família e irei atrás dela, mesmo que seja no fim do mundo. Provarei a ela que ainda a amo; que a perdoo pelo seu ato, e que teremos uma nova chance.

O vento circula; empurra-me, mas resisto. O pensamento nela é mais forte do que a dor e a angústia; e o vento me açoita sem piedade. Viajei por milhares de quilômetros para chegar onde estou; tudo em nome do amor.

Minha visão embaça e me sinto mal, porém, resisto. Minha cabeça toca sobre o solo enquanto a tempestade de areia passa por cima de mim. Há alguém por perto; sinto a presença. Tentei enxergá-lo contra o vento de grãos de areia e enfim vejo – alguém em minha frente! Uma mulher jovem. É ela, minha amada. Está linda. Seu rosto permanece intocável pelo vento formado pela areia. Seus cabelos dançam no ar majestosamente. Ela sorri para mim. Veste um lindo vestido branco. Parece um anjo. Não; não se parece, eis que em minha frente está ela; o próprio anjo. Ela estica os braços e me chama. Eu sorrio; sabia que valeria a pena todo o esforço para ir buscá-la. Eu sabia. Ela me ama. E eu também a amo. Permanece imóvel com os braços esticado, e espera por meu amor. Levanto-me e enfrento a correnteza de vento, com seus milhões de grãos de areia a arranharem o meu rosto queimado, e gotículas de sangue tornam-se esvoaçantes. Mas não desisto. A dor é grande, e por ela tudo vale à pena. Ela sorri. Sua mão clama pela a minha. Dou alguns passos; o vento me derruba várias vezes, mas não caio. Sou forte. Meu rosto desfigura, mas por ela tudo continua valendo à pena. Ela está perto de mim. A ponta do meu dedo quase toca ao do dela. E ela sorri. Enfim, venci a fúria da natureza. Eu a abracei, com seu calor que me enche de amor; contenta-me. Seu lábio rubro com sabor de mel sela o meu enquanto o algoz manto de areia nos envolve e nos leva, para longe dali, por sobre a pirâmide de Queóps.

Dênis Lenzi
Enviado por Dênis Lenzi em 05/09/2011
Reeditado em 16/09/2011
Código do texto: T3203024
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