MIRAGEM...
Idealizei um mito,qual criatura lendária...
E me surgiu sua antítese,delineado contra um espelho de cores entre o
cinza e o marfim.
Ele veio da vinha,exibindo olhos arredios na face de um deus-menino e
corpo delgado de um aristocrata.Pálido,sua fronte denotava as linhas for-
jadas pelo pincel do tempo.
Sisudo,ajuizado ou tímido...tudo isso,tanto faz.Comedido,sereno feito
regato.De um temperamento inerente ao curso das águas:imprevisível...
Fitei-o meio que de soslaio,percebendo suas pálpebras cerradas ocul -
tando o que lhe ia no íntimo.
Sutil,destro como fera acuada.Quem sabe,acrisolado dessas emoções
mundanas.
E foi assim que lançou-me sua magia,como sói todo ser encantado.
Adejei-me,ave plainando pela longevidade da vastidão.Esmiucei mas...
Tudo o que entrevi foi meio que um vulto detrás da neblina.Espiei pela janela da paisagem,talvez miragem...isenta de razão.
Um olhar melancólico cravou-se naquela face marmórea,impassível
como rocha.E não sei...tudo esvaiu-se em pó e fogo...
Talvez uma visão apenas,adornada de virtudes.
Descreio deste caos ébria de expectativa no vértice fulgaz desse idílio
efêmero...
Impregnada de ti...