Um beijo e uma lágrima
Todos, todos, sem qualquer exceção, conhecem o medo. Todo mundo tem medo, mas poucos conhecem sua outra face. Assim como o frio – que se encerra no calor – o medo tem seu fim no amor.
Era uma noite fria, escura, profunda. Na universidade, uma jovem adentrava os altos portões de gélido ferro para, tão somente, estudar. Minutos depois, pelo mesmo caminho, com a mesma idade e propósito, um moço chega pela escuridão. Na mesma sala, lá estavam, em lados opostos. Mas com dores iguais. Abatidos, buscavam sentido depois de famílias despedaçadas, conflitos e complexos e, o pior, decepções de amor.
Calados, passaram a eternidade de quatro horas, fixos com olhares na lousa, e os minutos de intervalo haviam sido um vácuo, sem vida e vazio. O mais frígido vento soprou através das janelas: acabava a aula. Pelo corredor, ele e ela saíam sem se notar, até que, ao lembrar-se do que encontraria ao voltar para casa, a moça verteu uma lágrima pelo rosto. Metros dali, o rapaz sentiu como se o pranto alheio lhe tocasse o peito e, num salto, pôs-se ao seu lado. Com os lábios, secou a pele umedecida pelo pranto, em um beijo renovador.
Foi assim que, entre um beijo e uma lágrima, uma fria noite transformou-se num claro dia em que o medo viu o amor vencer!
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