Mortinha por acordar...

Preparo-me para o luto, acendo previamente todas as velas que formam o percurso até mim. Não sei se há luto para o inacabado!

Primeiro morrem os sonhos, depois é o silêncio que fala como um eco que retorna em desejo de ser voz.

Cansada de acordar periodicamente, olho o espelho que reflecte a indiferença de mim... reflecte a figura que ficou decidido inventar.

Terei sempre o esquecimento... que conduz à reconciliação, terei sempre um momento para sublinhar, terei sempre a noite e a noite é o meu lugar para permanecer.

Eu não sei se é a morte que pousa na minha sombra!

Pelas vezes que morri, pelas vezes que me ergui, ergue-se a lua em forma de boa pessoa e chora sob o meu nome...

Penitência de um ser anónimo, é aí que me visto de cinzas …

Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 23/08/2011
Reeditado em 28/04/2012
Código do texto: T3176751