sohnos
Eu acabo sorrindo eventualmente. Sorrisos sinceros que me fazem continuar seguindo em frente. Até penso na expressão “em frente”, profundamente. Provavelmente ser feliz não tem a ver com estar indo em frente. Viro a figura de cabeça para baixo e a direção muda, mas ainda é a mesma? Um sonho ainda seria um sonho se não existissem palavras?
Viro o retrato de cabeça para baixo. Eu mudo, mas continuo igual. Decido viver um dia de cada vez, é melhor assim, com calma. Pensar no futuro cansa, no passado também. Um dia de cada vez. Depois de cada sono, cheio de sonhos que não lembro direito, penso no que fazer. Funciona.
Mas tenho medo. Na cama, quase toda noite na ápice da vulnerabilidade e da solidão que o silêncio trás, quase tenho certeza de que é fingimento. Tenho medo por mim, por ser estúpido. Medo por ela, por estar comigo. E se um dia eu lembrar de você e começar a chorar?
Por ora, está tudo bem. Por ora, apenas estou bem. Feliz. Só que quando lembro do dia em que lhe disse que nunca seria feliz novamente como era contigo, nem sorrio, porque o tempo está me fazendo crer nisso. Quase sorrio – você devia ser realmente tão boa quanto eu pensava, mais do que eu lembrava. Não sei se lembra de quando eu disse isso. Tomara que não, deve estar bem agora. Não quero que sinta compaixão.
Essa carta vai para o você dos meus sonhos. Lá você lê, sorri, me abraça, me beija. Diz que sentiu saudades. Eu sei que é sempre assim, mas ao acordar, nunca lembro. Tenho certeza que é melhor não lembrar, deixar que eu apenas saiba disso depois de já ter esquecido...