Era Véspera de Natal
Ele olha pela janela o céu estrelado.
Está bonito olha-lo. E o tempo era bom e fresco.
Vira-se e vê-a fechar a porta do forno.
- Está pronto? - Ele pergunta.
- Ainda não, temos que esperar a agulha subir. Responde ela chegar perto dele.
Ele a abraça. Ela está maravilhosa, veste um vestido preto que ele deu de presente para ocasião. Ela chega à janela.
- O que está olhando? - Ela pergunta.
- As estrelas. As constelações de Ursa Maior, Centurião Alfa.
- Hum. Devíamos Ter uma luneta, não acha?
- Acho. Vai aparecer alguém?
- A Gisele. Coitada, o último namorado dela trocou ela por uma francesa.
- Coitada mesmo.
Há um barulho.
- Está pronto!
Ela se apressa até o fogão, abre o forno e retira o peru recheado. Depois, coloca na mesa, enfeita com farofa, ovos cozidos, azeitonas, pêssegos, ameixas pretas e pedaços de maçãs.
- Que horas são? - Ela pergunta cortando o peito do peru.
- Falta meia hora.
- Falta muito, né?
- Falta.
Era a primeira véspera juntos. Quer dizer, passaram uma vez com os pais dela e a outra com os pais dele.
- Trouxe o champanhe que eu pedi? - Ela perguntou colocando o arroz que estava numa travessa de porcelana na mesa.
- Sim.
- E o vinho?
- Comprei um chileno.
- Chileno? Será que é bom?
- Não sei. Vamos descobrir.
Há meia hora passou e amiga dela chega.
Veste saia branca como era típico nesta data. Era loura de longo cabelo. Ao ver a amiga de vestido preto reclama:
- Que coisa feia você de preto!
- Eu me sinto bem, Gisele.
- Hoje é dia de comemorar a paz e você assim!
- Nunca importei com estes tipos de detalhes, eu poderia estar de cinza.
- Cruzes! - Disse num movimento horrorizado.
Hora de apertos de mãos, abraços, felicidades, hora dos fogos de artifícios inundarem o céu com seus brilhos.
A amiga ficou pouco tempo, o tempo necessário para comer e reclamar da cartomante que ela tinha ido dois dias atrás.
Eles retornam à janela a olhar as estrelas.
- Já pensou se as estrelas se alinhassem? - Ela pergunta.
- Seria o despertar do fim do mundo.
- Seria? - Olha pra ele espantado.
Ele sorri com a fragilidade dela.
- Não. Não posso te confirmar.
- Hoje é a nossa primeira véspera juntos.
- Nossa primeira véspera de natal. - Ele diz.
- Feliz natal.
- Feliz natal. - Ele repete.
E os dois se beijam tendo como pano de fundo as estrelas e o céu.