O milagre dos Três pais
Aquele menino de dez anos estava ajudando o seu pai com a gravata.
- Pai o senhor vai procurar emprego hoje?
- Sim meu filho. E vou arranjar.
- Que bom papai, já tem tanto tempo que o senhor não trabalha.
E o pai partiu em busca de um trabalho, terno, gravata, sapato bem engraxado, a andar com postura reta pela rua, sorrindo pra tudo e pra todos. Foi quando viu um anuncio na porta.
"PROCURA-SE GERENTE!"
E mesmo não tendo as qualificações necessárias, visto que mal tinha o ensino médio concluído, entrou na loja à passos seguros.
- Bom dia! Disse uma atendente.
- Bom dia, gostaria de falar com o responsável pelas admissões.
- Ah sim é claro! Seu nome é?
- Clóvis.
- Aguarde só um instante, por favor.
E assim a moça saiu e depois de alguns minutos regressou, pedindo que ele voltasse mais tarde. E assim ele voltou, mas o homem não o atendeu, disse estar muito ocupado e pediu que ele voltasse no dia seguinte. Mas ele se lembrou do que disse ao filho e respondeu a atendente.
- Posso espera-lo até o final do expediente.
- Senhor é véspera de natal, aqui ficamos abertos até às 21:00 horas, e ainda são 14:00 horas.
- Não dizem que quem espera sempre alcança! Então espero, se for possível é claro.
- Claro que é! Vou avisar o Senhor Djair.
E assim as horas passaram e ele ali sentado na cadeira de espera. 21:26, o dono sai da sala e o vê ali esperando.
- Senhor Clóvis?
- Sim, prazer em conhecê-lo.
- Olha eu realmente tenho que ir, por que não vem aqui amanhã. Me desculpe, mas é que meu filho está internado. Ele tem câncer. E a situação está muito séria.
- É, sinto muito! O que não fazemos pelos nossos filhos.
- O senhor tem filhos?
- Tenho sim. O meu Gustavo de dez anos.
- Que bom, o meu é o Henrique, ele tem doze. Me acompanhe até o
carro Clóvis. Deixe-me te conhecer melhor, estacionei a dois quarteirões daqui. Isto estava um loucura, nem vagas consegui por aqui.
E assim seguiram os dois, Clóvis respondia a todas as perguntas que o senhor Djair lhe fazia verdadeiramente. Por fim chegaram ao carro.
- Bem Clóvis, temos um problema aqui, você parece ser uma pessoa muito direita, realmente educada, no sentindo real desta palavra. Está vestido como se pede a vaga, mas... veja bem, você nunca trabalhou nesta função, não tem o ensino médio completo e olha que estou exigindo formação superior para vaga e experiência de dois anos. Realmente não posso te contratar para ser gerente de minha loja...
Naquilo Clóvis se sentiu triste e lembrou novamente do que dissera ao filho, agora ele voltaria sem emprego, e o Natal bem, seria como a dois anos vem sido. Bicos daqui, bicos dali. Foi quando a voz do doutor Djair interrompeu seu pensamentos.
- Como eu ia dizendo. Mas, admirei sua persistência, sua pessoa em geral, mas principalmente sua auto confiança. Poucas pessoas são assim. E quem confia em si desta forma merece uma oportunidade de mostrar ao que veio. Portanto lhe ofereço um vaga de subgerente e já exerço esta função de gerente há muito tempo, posso exerce-la por mais um pouco. Aceita?
- É claro que sim! Naquele momento seu sorriso estava ainda mais radiante.
- Então traga seus documentos amanhã bem cedo. Você está contratado. Agora deixe-me ir ver meu filho.
- Um feliz Natal senhor, e Deus há de cuidar de seu filho, acredite ele é milagroso.
E assim eles se despediram e Clóvis voltou para sua casa.
- Papai!
- Oi filho! Como foi seu dia!
Eles se abraçaram gostosamente, um aperto demorado e uma lágrima escapou dos olhos de Clóvis.
- Conseguiu emprego papai?
- Claro que sim filho, eu não disse que iria conseguir. Disse ele sorrindo.
Naquela noite Tereza a esposa de Clóvis preparou uma simples, mas bela ceia de Natal.
Um ano se passou e Clóvis foi chamado no escritório do Senhor Djair.
- Bom dia, Clóvis.
- Bom dia! Algum problema?
- Não, nenhum. É que semana passada recebi a alteração do seu currículo. Gostei de ver, terminou o ensino médio. E também soube pela secretária que você passou no vestibular de economia, tenho que te dar os parabéns.
- O que não fazemos pelos nossos filhos senhor.
- Sim é verdade. Quero te dar uma notícia, na verdade duas.
- Pode falar.
- Bem você ainda está interessado naquela vaga de gerente?
- Claro que sim, com certeza senhor. Eu entrei aqui com este intuito.
- Pois bem, a vaga é sua. Agora a outra noticia. Lembra que me disse que Deus era milagroso?
- Sim. É claro que me lembro senhor.
- Pois é, ele operou um milagre na minha casa amigo. Meu filho está completamente curado, sem cirurgias, sem nada todo o câncer foi removido, ele não corre mais nenhum perigo. Os médicos vão o liberar hoje, e bem, eles estão procurando ainda entender o que aconteceu, estão todos confusos.
- E você?
- Eu não tenho dúvidas. Foi meu pai, nosso pai!
Clóvis andou na direção de Djair e deu-lhe um abraço, um longo abraço de amigos, ambos emocionados... ambos realizados.
E ali uma amizade nasceu, cresceu e floresceu. O que aconteceu também entre seus filhos, que se tornaram os melhores amigos um do outro.
E os médicos... bem, eles ainda procuram uma explicação...
...
Este texto é uma republicação! Espero que gostem!
Convido-te a ler meu texto 200 " Um assassinato no recanto das letras"