De olhos no celular

Sobre a mesa ainda olho para o celular a todo instante, esperando que uma hora vá tocar, esperando uma mensagem dela.

Meu número exclusivo não existe mais, e pensar que podia ligar a qualquer momento e lugar.

Podia ser no almoço, no banho, na madrugada, na rua, no programa, enfim era sempre prontamente atendido.

Atendido da melhor forma que um homem possa desejar, num numero onde ninguém mais podia ligar.

Nossos SMS e mensagens não existem mais, agora quando toca dou um pulo, mas quando vejo é sempre é uma mensagem do banco, cartão ou outra pessoa.

Duro pensar em minhas mensagens, também sempre prontamente respondidas, da melhor forma que um apaixonado possa sonhar.

Ainda me seguro muito para não chorar, acho que já chorei demais.

Durante a noite passada após o trabalho peguei uma estrada, andei por quase uma hora, e lágrimas, chamados e gritos de desespero me acompanharam, e meus olhos no celular.

Chega então à hora de juntar os pedaços, um novo dia começa.

Ainda não consigo ver um rumo, sinto o chão ainda tremer e mal consigo ficar de pé, junto meus pedaços, tento me reconstruir.

Juntando as forças para ao menos tentar fazer papel de forte e de que está tudo normal perante aos outros.

E os meus olhos... ainda no celular... que mal sei se um dia ainda vai tocar...

Pimenta Marte
Enviado por Pimenta Marte em 26/07/2011
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