Dead End.
É muito ruim querer voar com alguém mas sentir o coração pesando no peito, secando e se entregando a um estado de aridez extrema. Eu sinto medo. Eu tremo por dentro sempre que vejo cenas de romance nos filmes e penso que eu jamais terei isso pra mim, não pela falta de possibilidades, mas é que eu não sei se eu consigo amar como antes, meu coração trincou e eu não consigo arrumar, é feito espelho na parede que se racha tornando a imagem refletida confusa e surreal, eu não me reconheço mais.
Vejo muitas pessoas passando nas ruas, algumas me olham, mas eu não consigo ter interesse verdadeiro por ninguém, algumas eu uso pra satisfazer necessidades de toque, de beijo, de abraço... Mas o abraço nunca alcança o que eu tenho dentro do peito, um coração que antes era róseo e me alegrava, a vida era muito mais colorida. Mas hoje, hoje é folha seca que cai no outono, frágil que se quebra ao menor toque, o bom nisso é que ninguém consegue realmente tocar né? Eu só queria a primavera de novo, as cores, os perfumes... E o coração cor-de-rosa batendo no peito.
Sinto-me em pleno inverno numa casa nas montanhas afastadas da cidade, com cortinas semi-abertas e a chuva batendo na vidraça lá fora, vejo café já frio na mesa de centro... E aonde eu me encontro nessa cena? Na cama, no quarto fechado cheirando a mofo, The Cure, Smiths e Joy Division tocam sem parar no rádio, alguns livros da Clarice se encontram abertos pelo chão, meu estado é deplorável. Se eu fizer uma cópia da chave de casa, você vai me buscar?