Final (Im) perfeito
“Acabou.”
Palavra perfeita para um final perfeito. A voz cala na garganta, estremecido, ele parece não acreditar...
Ela sai caminhando lentamente. Um pouco adiante olha para trás. Ele ainda está lá ... no mesmo lugar. Caminha pela rua deserta na madrugada silenciosa. Vento gelado. Uma chuva fina começa a cair. Sente frio e uma estranha sensação de solidão. Apressa o passo, encolhe-se sob o casaco pesado.
A chuva continua, agora mais forte...
Lembra-se do beijo, do abraço, dos dias passados juntos... Estranhas lembranças logo após a palavra “acabou” ter sido dita com tanta certeza teimam em continuar...
Os pés encharcados diminuem o passo.
A chuva continua....
Imóvel no meio da rua deserta, percebe que cometeu um engano. “Não acabou. Não pode acabar!”
Pensa em voltar.
A chuva dá uma trégua.
Roupas encharcadas, as mãos trêmulas ...
Decide voltar.
Corre, tem pressa. Os passos ecoam no silêncio da madrugada.
Tem esperança de vê-lo parado, no mesmo lugar.
Escolhe as palavras perfeitas: “Perdão, eu te amo”.
Respiração ofegante...para no meio da rua, os olhos o procuram...
Ele não está lá.
Tarde demais.
As palavras ficam presas na garganta...
A chuva volta a cair na madrugada fria e deserta...